Revitalizar o interior passa pela aposta na agricultura e no turismo
Para o ministro Adjunto, as críticas e sugestões que têm vindo a ser dirigidas ao Governo, no sentido de que devia apostar na construção de novas acessibilidades, designadamente de novas autoestradas no interior, não é matéria, que em sua opinião, constitua uma prioridade, defendendo antes que estes espaços de baixa densidade demográfica, “que têm vindo a perder população desde meados do século XX”, precisam sobretudo de captar mais investimento de forma a colmatar, não só o isolamento a que muitos municípios do interior estão votados, mas sobretudo, que seja indutor de mais emprego.
Falando no final de uma reunião que manteve no concelho de Góis com autarcas, responsáveis da administração pública e com o coordenador da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, João Paulo Catarino, o governante, depois de defender que os turistas que procuram a natureza, designadamente nestes concelhos do interior, “não estão preocupados com as autoestradas”, mas antes em beneficiar de novos investimentos que sejam capazes de alterar a realidade destes municípios montanhosos, sustentando que estes territórios reúnem “condições ímpares para a atração das atividades turísticas”.
Para Pedro Siza Vieira é importante que se testem desde já algumas ideias sobre eventuais novos investimentos quer na área agrícola familiar, quer na exploração florestal, recorrendo, como salientou, “aos incentivos públicos” lançados pelo Governo na sequência da tragédia dos fogos florestais, lembrando que o PRTI, concebido com contributos dos municípios que foram alvo dos incêndios, do distrito de Coimbra, Leiria e Castelo Branco, sempre rejeitaram a “monocultura e as manchas contínuas” da mesma espécie, apostando, ao invés, “numa floresta diversificada que possa criar emprego e atrair população”.
Apesar de reconhecer que estas localidades situadas no interior do país “necessitam de melhores ligações rodoviárias entre si”, o ministro Adjunto defendeu contudo que a principal preocupação não é a de melhores acessibilidades, mas sobretudo de mais investimentos, públicos e privados, que sejam indutores de maior desenvolvimento e emprego, apontando a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) como uma das entidades mais vocacionadas para promover estes territórios do interior.
Para Pedro Siza Vieira, para se acrescentar valor à atividade específica do setor primário, é necessário “captar novos projetos produtivos”, o que se consegue, como aludiu, recorrendo, nomeadamente, aos benefícios e aos incentivos criados para o efeito pelo Governo na sequência dos fogos do último verão.
De acordo com esta tese esteve a autarca socialista de Góis, Maria de Lurdes Castanheira, quando afirmou que o PRTI constitui um instrumento fundamental e estruturante, capaz de abrir “novas oportunidades” e de “alterar a realidade” de muitos dos concelhos de montanha, designadamente dos “19 municípios situados no Pinhal Interior”.