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Resultado das europeias reafirma caminho de confiança

Resultado das europeias reafirma caminho de confiança

O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse discordar de quem considera que haja uma qualquer “crise de regime”, considerando, pelo contrário, que Portugal se pode orgulhar de integrar o grupo de “democracias maduras” da zona euro.

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Falando aos jornalistas após a apresentação do ensaio ‘A Europa não é um país estrangeiro’, de José Tavares, que decorreu ontem na Feira do Livro de Lisboa, no Parque Eduardo VII, o ministro das Finanças contrariou a ideia do líder do PSD de que exista “uma crise de regime”.

Para Mário Centeno, “a representação está muito bem desenhada nas nossas democracias, são 19 democracias maduras (…) na área do euro, Portugal orgulhosamente faz parte desse grupo”, afirmou.

É apenas necessário, “com base na situação económica e financeira muito positiva que hoje todos os países vivem, reduzir a incerteza política”, acrescentou o também presidente do Eurogrupo.

“Não é por acaso que todas as organizações internacionais identificam os riscos acumulados por incerteza política”, acentuou Mário Centeno.

“Temos de reduzir a incerteza política, é aí que reside não só a parte mais facilmente explicável e significativa da abstenção como das nossas incertezas económicas”, frisou o governante.

“Esse é o processo, o regime está muito bem estabelecido, a representação não tem dúvida nenhuma sobre como é que se faz, é preciso apenas que se use a tal palavra compromisso e capacidade de decisão. É isso neste momento que temos de fazer”, indicou Mário Centeno.

Reafirmação do projeto europeu

O ministro das Finanças escusou-se, por outro lado, a comentar as declarações do Presidente da República, proferidas na passada sexta-feira, onde considerou que existe “uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos”, salientando que os resultados das europeias de 26 de maio reafirmam o caminho do projeto europeu.

“Aquilo que posso dizer (…), é que o resultado das eleições, olhando para o seu conjunto, são resultados que reafirmam o trajeto europeu, de construção europeia que temos vindo a desenhar. É evidente que temos muitas opiniões sobre esse trajeto, é muito bom que essas opiniões estejam refletidas nos resultados das eleições”, disse.

Isso “simplesmente significa que os debates vão ser mais vivos, que vai ser preciso usar mais aquilo que é o ingrediente essencial das democracias, que é o compromisso. Estou certo que desse compromisso e desses debates vamos conseguir obter medidas muito importantes para a Europa”, garantiu Mário Centeno.

O “melhor momento” da Europa

Mário Centeno considera que a elevada taxa de abstenção registada nas eleições europeias é o reflexo da “indecisão que o processo político muitas vezes transporta para o seu debate”, sendo que, o que “os cidadãos europeus esperam” é que sejam tomadas “decisões que promovam o bem-estar na Europa”.

O ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo sublinhou que “a Europa está no melhor momento em termos económicos e financeiros de sempre da sua história”, visto que, acrescentou, “são seis anos de crescimento ininterrupto, de queda do desemprego de forma também ininterrupta, extensível a toda a Europa”. [O ano de] “2017 foi o primeiro que na Europa todos os países cresceram acima de 1,5%”, reforçou.

Para Mário Centeno, é necessário observar estes resultados “com otimismo e enfrentar uma questão que é essencial para a Europa, que é como fazer chegar estes resultados a todos os europeus”.

“É o debate mais importante que temos hoje na Europa”, defendeu, apontando que é preciso mais informação.

“Nós não temos consciência do que a Europa hoje representa no mundo em termos económicos, em termos financeiros, em termos sociais, em termos culturais, falta-nos objetivamente a informação” afirmou.

Confiança e otimismo

Mário Centeno garantiu que “não há, neste momento, nenhum cenário de crise” na Europa, “antes pelo contrário”, como comprovam os resultados da generalidade das economias europeias no primeiro trimestre deste ano.

“Isso significa que o cenário de desaceleração económica que foi mais longa do que aquilo que inicialmente se perspetivava pode estar a desaparecer neste momento”. Aliás, “as projeções do FMI, da OCDE, da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu, são exatamente isso que identificam: que o segundo semestre deste ano vai ser de crescimento superior àquilo que se observou no final de 2018 e mesmo no princípio de 2019”, indicou.

“As nossas economias, as nossas sociedades esperam que os políticos tomem decisões, as razões e os fundamentos económicos para estarmos otimistas estão instalados neste momento na Europa. É só uma questão de podermos avançar neste processo”, concluiu Mário Centeno.