Relatório confirma que isenção das declarações não foi negociada com Ministro das Finanças
A conclusão consta do relatório preliminar da segunda Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Caixa Geral de Depósitos, apresentado hoje em conferência de imprensa pelo deputado relator, Luís Testa, e vem corroborar a afirmação do Ministro das Finanças, Mário Centeno, de que a questão das declarações de rendimentos dos gestores da CGD nunca foi colocada como condição para a contratação do antigo gestor da Caixa.
O deputado socialista explicou que a renúncia de António Domingues deveu-se a um “processo de convencimento de que ele e um conjunto de administradores estavam exonerados da prestação declarativa, nomeadamente ao Tribunal Constitucional, não o estando de facto” e não “por qualquer razão que tivesse existido entre o Governo e a administração da CGD quanto ao projeto da CGD”.
“Todos os objetivos aí foram plenamente alcançados”, sublinhou Luís Testa referindo-se aos pressupostos que levaram à contratação de António Domingues, nomeadamente, quanto aos compromissos relativos à gestão, reestruturação e recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, aprovadas pela Comissão Europeia e concretizadas com sucesso.
Para o deputado relator, o que esteve em causa foi o entendimento do antigo gestor da CGD sobre o alcance da alteração do Estatuto do Gestor Público a uma eventual isenção de apresentação de rendimentos, património e cargos sociais, determinada na lei 4/83 de 02 de abril.
“O que é possível admitir é que possa ter sido suscitado o convencimento de que a alteração do Estatuto de Gestor Público, nos termos em que foi feita, poderia exonerar de restantes obrigações os gestores públicos em causa, o que, como já se demonstrou, não exonera”, lê-se nas conclusões do relatório apresentado por Luís Testa.