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Reforma da prevenção e combate aos incêndios avança a par da reforma da floresta

Reforma da prevenção e combate aos incêndios avança a par da reforma da floresta

Perante a magnitude da tragédia dos fogos que devastam o norte e o centro do país, o Governo socialista está determinado a avançar já com reformas de fundo nos sistemas de prevenção e de combate aos incêndios florestais. A garantia foi dada pelo primeiro-ministro, ao falar das mudanças a introduzir na estrutura das florestas.

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No Comando Nacional de Operações de Socorro da Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Oeiras, distrito de Lisboa, António Costa adiantou que, no próximo sábado 21 de outubro, se vai realizar um Conselho de Ministros extraordinário dedicado às questões florestais e dos incêndios.

“Há que passar das palavras aos atos”, afirmou o líder do Executivo, referindo-se às conclusões constantes no relatório da Comissão Técnica Independente sobre os incêndios ocorridos em junho passado em Pedrogão Grande e Góis.

Lembrou então que o relatório contém um conjunto de recomendações “muito importantes” para a reforma do sistema de prevenção e combate aos incêndios.

“E nós vamos ter de o fazer em paralelo com a reforma da nossa estrutura florestal”, vincou.

Na ocasião, o primeiro-ministro fez notar que há já “uma boa base de trabalho para se fazer a reforma que é necessário fazer nos mecanismos de prevenção e de combate aos incêndios”.

Para António Costa, o Governo tem de atuar no plano imediato na questão dos incêndios florestais, mas, igualmente, ao nível da reforma florestal, onde se situa “o problema de fundo dos incêndios florestais em Portugal”.

“E temos ainda de avançar, também, na reforma do sistema de prevenção e de combate aos incêndios”, disse, advertindo que vai ser necessário trabalhar arduamente durante a próxima década, “para fazer aquilo que é preciso fazer na floresta portuguesa”, 

Tempo para mobilizar meios e recursos

António Costa apontou igualmente para a necessidade de serem adotadas “medidas que diminuam os riscos de práticas criminosas associadas à floresta”.

“Devemos efetivamente diminuir os planos de risco nessa matéria – e temos de o fazer agora, quando se encerrar esta fase do combate. Esta é a altura de se fazer isso”, enfatizou.

Já no que diz respeito à dimensão trágica dos fogos ocorridos este Verão, o governante destacou que, para futuro, “nada pode ficar como estava este ano”.

“Porque este foi um ano dramático do ponto de vista da tragédia de vidas humanas, do ponto de vista da extensão dos danos materiais, do ponto de vista da gravidade e prolongamento das ocorrências. E, portanto, nada pode ficar como estava”, pontualizou.

A principal responsabilidade política do Governo, segundo António Costa, é agora transformar as recomendações da Comissão Técnica Independente “em realidade e passar aos atos”.

Mas recordou que é preciso tomar “consciência de que, infelizmente, o passar de um relatório para a realidade implica necessariamente tempo, ação política, mobilização de meios, mobilização de recursos”.

Não há soluções mágicas para mais de 500 incêndios

Por outro lado, o líder do Executivo socialista não deixou de frisar que não há bombeiros que cheguem num dia com 523 incêndios, alertando para o facto de não haver “soluções mágicas para os fogos florestais”.

“Não vale a pena iludir os portugueses convencendo-os de que de um dia para o outro se vai resolver um problema que se acumulou ao longo de décadas”, advertiu Costa.

E frisou que importa agora que haja consciência de que o problema estrutural é o modo como o país se relaciona com a sua floresta.

“O país tem de ter bem consciência de que a situação que estamos a viver, com uma alteração do quadro climatérico muito negativo, vai seguramente prolongar-se para os próximos anos. É por isso que no final desta batalha nós temos de tomar as decisões, porque as coisas não podem continuar como estavam”, concluiu.

Refira-se que o primeiro-ministro começou a sua intervenção com a apresentação pública de condolências às famílias das vítimas, transmitindo “uma palavra de solidariedade para com todas as populações que têm estado a ser ameaçadas por um dia que foi devastador em todo o país”.

António Costa deixou também “uma palavra de alento” aos milhares de operacionais que trabalharam e trabalham para travar as chamas.