Reforço do PS fortalece o diálogo à esquerda
Numa entrevista dada à agência Lusa, Mariana Vieira da Silva reafirmou o que há muito o primeiro-ministro e Secretário-geral socialista, António Costa, tem vindo a defender, ou seja, que a vontade do PS é de continuar com o diálogo à esquerda “qualquer que seja o equilíbrio parlamentar que saia das próximas legislativas”.
Segundo a dirigente socialista, o PS parte para as estas eleições com um programa onde pretende obter o máximo de apoio possível dos eleitores, sem nunca perder de vista, contudo, que possa haver lugar a negociações posteriores com as forças partidárias à sua esquerda.
Já quanto a eventuais acordos com o maior partido da direita, o PSD, Mariana Vieira da Silva recordou a tese há muito defendida pelo PS, segundo a qual a “ideia de um bloco central é uma coisa que apenas deve acontecer excecionalmente e em momentos de emergência”, acentuando que o importante nesta fase, a pouco mais de dois meses de eleições, é continuar a trabalhar para que o PS consiga obter o maior apoio possível da parte dos eleitores para as suas propostas políticas.
Quando à eventualidade de o PS poder obter ou não uma maioria absoluta, a governante sustentou ser mais prudente esperar pelo resultado final das eleições de outubro, lembrando a este propósito que as maiorias absolutas em quase todos os países europeus, regra geral, “são residuais”, sendo este o cenário “prevalecente nas atuais democracias”.
É importante saber privilegiar o diálogo
Para Mariana Vieira da Silva, em todo o caso, com ou sem maioria absoluta, o importante numa democracia moderna e consolidada como é a portuguesa, é que os partidos políticos saibam privilegiar o diálogo, designadamente a nível parlamentar, destacando que tanto o Governo como o PS se “reveem nas vantagens da atual solução governativa”.
O importante agora, como reafirmou, é que cada partido assuma com redobrado vigor a defesa dos seus respetivos programas eleitorais e só depois, passadas as eleições e tal como aconteceu em 2015, “com toda a naturalidade”, se possa retomar o diálogo que se iniciou entre o PS e os partidos à sua esquerda na perspetiva de eventualmente se construir uma nova maioria no Parlamento que possa dar “continuidade ao equilíbrio” que se conseguiu alcançar nesta legislatura.
Atual solução governativa derrubou um muro
Certo, na opinião da governante, é que a coligação parlamentar que o PS estabeleceu em finais de 2015, com BE, PCP e Verdes, significou, desde logo, o nascimento de uma nova realidade política em Portugal que comprovadamente já demonstrou ser “uma mudança que ficou para o futuro” e que será sempre mais forte e decisiva do que as “conversas sobre as maiorias absolutas”.
Mariana Vieira da Silva mostrou ainda a sua satisfação pelo facto de o PS ter conseguido “virar a página” e assumido o protagonismo de “derrubar o muro” que impedia a participação dos partidos à sua esquerda na “definição de políticas”, o que tem vindo a acontecer, como recordou, com o atual Governo, desde finais de 2015.