Reforço da internacionalização da economia é fundamental para Portugal crescer acima da média europeia
“O grande objetivo de Portugal para 2020 é que a economia portuguesa cresça mais que a média europeia”, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, na abertura do Seminário Diplomático, em Lisboa.
Intervindo na abertura do Seminário Diplomático, iniciativa que reúne anualmente os embaixadores de Portugal, membros do Governo, altos responsáveis da Administração Pública e de setores estratégicos, económicos e académicos para debaterem as prioridades da política externa portuguesa, o ministro dos Negócios Estrangeiros começou por defender que o principal objetivo estratégico de Portugal para 2020 é o de “manter o ritmo do crescimento”, lembrando que a economia nacional, depois de ter já começado a convergir, tem agora que dar claros sinais de crescimento em relação à média europeia.
Para Augusto Santos Silva, trata-se de um desiderato nacional e plenamente assumido pelo Governo, sublinhando a este propósito haver absoluta necessidade de “todos estarmos convocados para a internacionalização da economia”. Reconhecendo que apesar da área governativa dos Negócios Estrangeiros ter desempenhado, nestes últimos quatro anos, “um papel decisivo no aumento das exportações e na captação de investimento estrangeiro”, Santos Silva defendeu que há que “manter e aumentar a pressão” para que a economia portuguesa cresça mais e de forma sustentada, invocando as “atuais incertezas do cenário internacional”, que podem representar, como alertou, “dificuldades adicionais” ao progresso e desenvolvimento.
Programa Internacionalizar 2030
No decurso da sua intervenção, Augusto Santos Silva teve ainda ocasião para se referir ao programa Internacionalizar, que entre 2017 e 2019 “auxiliou a economia a bater o recorde de exportações”, ultrapassando os 90 mil milhões de euros anuais, uma iniciativa que o ministro classificou como uma “peça central” da ação do Governo, também em matéria de captação de investimento estrangeiro, que, pelo “segundo ano consecutivo, ficou acima dos mil milhões de euros”.
Um êxito que justifica que o Governo tenha já aprovado o desenvolvimento de um novo programa em tudo muito semelhante, como garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, agora designado de Internacionalizar 2030, que tem também como objetivo criar uma “articulação com todos os outros programas com impacto económico”, assumindo um carácter de “pivot que articula todas as ações de internacionalização da economia”.
Uma articulação, como sublinhou o ministro que se molda e encaixa, por um lado, ao Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular das Nações Unidas, e que permitirá, por outro lado, o “desenvolvimento de pactos laborais para fluxos migratórios devidamente organizados”, mas também o apoio ao investimento dos emigrantes portugueses e a uma nova lógica da cooperação com os países em desenvolvimento, assim como a “participação nos acordos comerciais que a União Europeia subscreveu com países como o Canadá, o Japão ou com grupos de países como o Mercosul, de que Portugal é beneficiário líquido direto”.
Augusto Santos Silva referiu-se ainda às “grandes iniciativas” que vão marcar a presença de Portugal no mundo em 2020, recordando a este propósito a Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, que terá lugar em Lisboa e que representará, como defendeu, “um passo mais numa estratégia que faz de Portugal um dos países líderes mundiais” nesta matéria, assim como a primeira edição do Dia Mundial da Língua Portuguesa, a 5 de maio.