Reduzir procura das urgências para investir nos cuidados primários
Na sua primeira audição na Comissão Parlamentar da Saúde enquanto ministro, e a propósito do exercício orçamental para este ano, Adalberto Campos Fernandes referiu que pretende “fazer coisas diferentes, com o mesmo dinheiro”.
Um exemplo apontado foi proporcionar progressão da carreira mais rápida aos médicos que optem por fixar-se em regiões desguarnecidas de profissionais, como o Algarve.
“Porque não o jovem cardiologista chegar a chefe de serviço mais depressa, por ter passado por unidades de saúde nestas regiões?”, questionou.
No seguimento do recente caso da morte de um jovem no Hospital de São José, o ministro reconheceu que “talvez não tenha havido a suficiente diligência e a burocracia tenha predominado sobre a principal função de um hospital que é cuidar das pessoas”.
Mas sublinhou que a solução deste e de outros casos não passa por “pôr mais dinheiro em cima de tudo”.
“Se não tivermos sistema de controlo, o dinheiro evapora-se”, alertou Adalberto Campos Fernandes, descrevendo como uma “irresponsabilidade atroz” pretender duplicar o orçamento do Serviço Nacional da Saúde (SNS).
Ainda sobre as finanças da saúde, o governante garantiu: “Cumpriremos rigorosamente o que está escrito no programa”, no sentido de “substituir as escolhas erradas pelas certas”.
Na sua audição, anunciou ainda que será assinado, na primeira semana de fevereiro, um compromisso político com todos os parceiros sociais e que esta equipa irá prestar contas trimestralmente.
Também no início do próximo mês arranca um novo portal do SNS, onde todos os cidadãos poderão ter acesso à atividade do sistema.
À margem da audição na Comissão Parlamentar da Saúde, Adalberto Campos Fernandes disse aos jornalistas que o ministério está a estudar uma forma de os médicos com mais de 55 anos continuarem a fazer urgências.
Lembrou que está em curso uma nova fase da reorganização das urgências e destacou a importância de “alterar o paradigma da procura” das urgências hospitalares, que ascende a seis milhões todos os anos.