Redução das desigualdades avança lentamente
Os participantes referiram de forma crítica algumas das medidas do Governo português, mas também de outros executivos europeus, considerando que a redução das desigualdades avança lentamente. Por exemplo, sublinharam que a desigualdade salarial em 2013 se situou nos 17,9%, um indicador pior que no ano anterior.
Apesar de haver mais mulheres doutoradas do que homens, os quadros dirigentes continuam a ser maioritariamente ocupados por homens. Os participantes na conferência referiram que ainda hoje as empresas fazem a distinção entre mulher e homem, não só pela questão cultural, mas também porque para uma empresa contratar um homem implica que ele não irá usufruir da licença de maternidade alargada. Um estudo na Noruega comparou os curricula antes e depois da imposição de quotas para concluir que os curricula das mulheres que tinham ocupado os lugares por quotas tinham melhores qualificações que os homens contratados no mesmo período.
Nas empresas, verifica-se uma grande resistência em relação à problemática da igualdade de género. O domínio empresarial tem de ser influenciado por legislação de igualdade no domínio da parentalidade para que a aplicação de quotas venha a ter efeitos reais. A orientação que foi dada pela secretária de Estado para os Assuntos Parlamentares e para a Igualdade continua a ser apenas uma declaração de intenções.
Foi ainda referido que as mulheres terminam os estudos universitários com expectativas muito semelhantes às dos homens, mas chegam aos 15 anos de carreira com expectativas mais baixas. As expectativas vão sendo moldadas perante os factos. A norma ideal nas organizações é ainda o homem sem responsabilidades familiares e este continua a ser o modelo de trabalhador para os lugares estratégicos e de decisão. Os participantes concluíram que as questões de igualdade de género têm avançado mais no mundo da política – e foi reconhecido o papel precursor do Partido Socialista – do que no mundo empresarial.