Recuperação do país é enorme desafio para assumir “sem hesitações” e “sem tempo a perder”
“Não há tempo a perder”, alertou o líder socialista e primeiro-ministro na sessão de abertura da jornada de trabalho do Grupo Parlamentar do PS, encontro que decorreu ao longo desta terça-feira no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, advertindo que Portugal está hoje colocado perante a enorme responsabilidade de ter que avançar nos próximos seis anos, “sem as habituais hesitações”, com os planos e as obras apoiadas pelos fundos europeus.
Perante a necessidade de se avançar o mais rápido possível com os planos estratégicos integrados no Plano de Recuperação e Resiliência, António Costa defendeu, perante os deputados do PS, que Portugal tem de saber conciliar a “gigantesca tarefa” de executar os fundos europeus com a “máxima transparência e o mínimo de burocracia”, reafirmando a obrigação do país em apresentar contas certas não só à União Europeia, mas, sobretudo, “ao país e às futuras gerações”, de que os recursos europeus extraordinários que arrecadou foram efetivamente postos ao serviço do progresso e do desenvolvimento de Portugal, sublinhando, uma vez, mais o carácter “excecional” deste programa, o que obriga a que haja a “absoluta confiança naquilo que se vai fazer”.
O que não pode suceder, para o líder socialista, é iniciar este ciclo de recuperação da economia portuguesa na habitual lógica de deixar passar nove, dez ou onze anos a “hesitar e a ter dúvidas” e a voltar “sempre ao princípio”, sem nunca resolver ou avançar como nenhuma resolução, reabrindo constantemente as “decisões que os sucessivos governos vão tomando”.
António Costa acentuou que a sociedade portuguesa tem agora a oportunidade ímpar de olhar para o seu futuro como mais otimismo e com maior esperança de que Portugal possa ser um país mais desenvolvido e socialmente mais justo, sustentando que o plano de Recuperação e Resiliência da economia deve ter uma gestão centralizada, mas “com uma execução muito descentralizada”, afirmando que não caberá apenas ao Estado a sua execução, mas também às autarquias, designadamente, como referiu, na área da habitação, às empresas e às instituições.
Estado mais robusto serve melhor as pessoas e empresas
Sobre algumas das propostas apresentadas, sobretudo pelos partidos à direita do PS acerca da gestão dos fundos europeus, António Costa considerou não ter qualquer fundamento o argumento de que o Governo vai privilegiar o Estado na aplicação dos fundos europeus em detrimento das empresas, referindo-se tratar-se de um “absurdo dualismo”, uma vez que as empresas “precisam de uma administração pública eficiente”.
Segundo o líder socialista e primeiro-ministro, situações distintas requerem naturalmente um olhar diferente, pedindo que não se caia no “debate absurdo” de se o Plano de Recuperação deve investir só no Estado ou só nas empresas, porque este é um plano, como mencionou, que tem de “investir nas pessoas e nas empresas”, o que em sua opinião pressupõe que exista um “Estado robusto e eficiente”.
Garantindo uma vez mais que reforçar o investimento público não significa “investimento autofágico”, mas, pelo contrário, que se gera “externalidades positivas para o conjunto da sociedade”, António Costa sustentou que se o país quer uma administração pública mais qualificada e com recursos humanos mais motivados, salientando que se houve algo que ficou claro nesta crise “é que a presença do Estado é absolutamente indispensável nas respostas nos momentos críticos à sociedade”.