Recuperação da economia passa por “fortíssimo plano de investimento” em áreas como a ferrovia, a saúde e o emprego
António Costa garantiu que o Governo pretende apresentar, no final do Conselho de Ministros do dia 30 de abril, dois dias depois de se ter reunido com os representantes das forças políticas com assento parlamentar e com a equipa de cientistas da Direção Geral da Saúde (DGS), um conjunto de novas iniciativas que, de forma progressiva, comecem a aliviar as medidas de confinamento, designadamente, no ensino ou no comércio, mas também na área cultural e na restauração.
O líder do Governo disse esperar, como enfatizou na entrevista, que a reabertura da sociedade no final do presente período do estado de emergência, que vai vigorar até 2 de maio, que “não seja necessário avançar com novas medidas restritivas”, reafirmando não ver qualquer vantagem em que se avance para uma “diferenciação regional” em matéria de abertura do confinamento.
Quanto ao plano de recuperação da economia, pressuposto que ocupou parte significativa desta entrevista, o primeiro-ministro referiu que, depois de se começar a ter resultados positivos e mais sólidos em relação à evolução da pandemia da Covid-19, será o tempo de o Governo se concentrar “num fortíssimo plano de investimento”, designadamente em áreas como a ferrovia e os hospitais, a par de um programa de emprego, “público e social”, que “permita absorver” parte significativa da mão de obra que ficou disponível como consequência da crise de saúde pública.
O Governo, acrescentou, deverá também dedicar um olhar atento aos novos investimentos em programas de reestruturação da floresta, o que implica, como sustentou, “mão de obra intensiva”, numa altura em que “estamos em vésperas da época de incêndios”, a novos investimentos no reforço do apoio às instituições de solidariedade social, que “lutam com uma manifesta fragilidade de recursos humanos”, sublinhando o primeiro-ministro que a primeira prioridade foi conter a pandemia, mas “sem matar a economia”.
Para António Costa, se há algumas coisa de que o país não precisa é de voltar às políticas de austeridade, reiterando, tal como antes já o fizera na Assembleia da República, que o roteiro do Governo em relação ao relançamento da economia passa nesta primeira fase pelo apoio ao “pequeno comércio e ao sistema educativo”, nomeadamente passando pelas creches, sustentando que este é um universo que “não se sobrepõe” a um eventual recomeço das aulas presenciais dos alunos do 11º e 12º anos, avisando, contudo, que nas escolas e nos transportes públicos “vai ser obrigatório o uso de máscaras comunitárias”.
Uma nova normalidade
Sobre os próximos dias e meses, o primeiro-ministro não tem dúvidas de que em relação, por exemplo, à frequência de praias neste verão, haverá algumas regras e restrições a cumprir, pelo menos naquelas em que é habitual haver uma grande aglomeração de pessoas, encaminhando para as autarquias e para as capitanias a primeira responsabilidade de vigiarem e de fazerem cumprir a lei, evitando que essas aglomerações tenham lugar.
António Costa apontou o mês de junho como o do regresso ao trabalho, mas de “forma desencontrada” em termos de horário e de semanas, enquanto na área da cultura o primeiro-ministro voltou a referir não ser ainda possível um compromisso sobre uma data para a realização de grandes festivais, reiterando, contudo, que “será mais fácil reabrir os equipamentos com lugares marcados”, devendo só se poder vender bilhetes de “duas em duas filas e de três em três cadeiras”.
Conselho Europeu
Na parte final desta entrevista, o primeiro-ministro voltou a sua atenção para as questões europeias, lembrando que espera com grande expectativa que o Conselho Europeu da próxima quinta-feira, dia 23 de abril, traga boas notícias para a Europa e para Portugal em particular, em matéria da luta contra a Covid-19, questionando se os líderes europeus estarão ou não preparados para aprovar a criação de um “fundo de recuperação” que permita que os Estados-membros possam enfrentar esta pandemia com um grau elevado de êxito.
António Costa manifestou ainda expectativa sobre se os seus congéneres europeus serão capazes de responder ao desafio e, caso este projeto avance, como referiu, saber se ele será integrado “no próximo quadro plurianual, se o seu financiamento resultará do reforço das transferências ou se por emissão de dívida da União Europeia, ou, ainda, em resultado de um reforço dos recursos”.