Reabilitação urbana vai mobilizar cinco mil milhões de euros
Num encontro que ontem decorreu em Lisboa, no cineteatro Capitólio, no Parque Mayer, sobre reabilitação urbana, António Costa, depois de referir que o ano passado já se registaram um conjunto de indicadores “muito positivos” sobre o crescimento de encomendas no sector da construção, cerca de mais 32% do que em 2015, como indicou, anunciou que estão em curso, “ou em preparação”, sete novos programas destinados a “mobilizar investimentos” para a reabilitação urbana até 2013, no valor de cinco mil milhões de euros.
A procura turística, que já representa cerca de 15% do total das exportações nacionais e que muito tem contribuído para a reabilitação das cidades como a de Lisboa, sobretudo dos seus núcleos históricos, não pode justificar, advertiu António Costa, que falava para uma plateia de empresários da construção civil e de agentes imobiliários, que se perca de vista a existência de uma “íntima correlação e interdependência” entre políticas municipais, para “incentivar a vida própria das cidades”, e sobretudo dos “seus centros urbanos”.
Para António Costa, que lembrou a sua experiência enquanto autarca, o que atrai o investimento e o que “sustenta o desenvolvimento do investimento”, é as cidades manterem a sua “autenticidade e dinâmica”, realidades que na opinião do primeiro-ministro, resultam quando o espaço urbano “tem vida própria com os seus próprios habitantes”.
É por isso, como defendeu, que faz todo o sentido que se “preservem as lojas históricas”, porque a sua conservação e manutenção, ao contrários do que alguns podem pensar “não desincentiva o investimento”, mas pelo contrário, é uma condição “determinante para que o investimento exista”.
Segundo António Costa, ninguém investe numa cidade onde apenas existem, ou onde predominantemente subsistem, lojas das cadeias internacionais, equipamentos, como recordou, que se encontram em qualquer cidade do mundo.
Quando se viaja o que se procura na cidade para onde se vai é verificar, entre outras escolhas, se se pode optar entre a hotelaria tradicional e alojamento local, porque o dinamismo que hoje caracteriza o turismo moderno, defendeu o primeiro-ministro, exige “cidades que ofereçam diferenciação para serem visitadas”.
Caso contrário, acrescentou, o turista “não terá qualquer justificação” para se deslocar a essa cidade “face à existência de idênticas ofertas em outros locais da Europa ou do mundo”, lembrando a este propósito que Portugal já “tem novos segmentos”, não se limitando à tradicional oferta de sol e praia.
Manter a identidade
Cidades como Lisboa e Porto, na opinião do primeiro-ministro, que têm vindo a crescer exponencialmente na procura turística, têm de saber “manter e preservar a sua identidade e atratividade”, pressupostos fundamentais, como defendeu, para “podermos ter investimento que ajude a reabilitar o espaço edificado”.
Mas para que este cenário se torne uma realidade quotidiana e assuma princípios sustentados, defendeu ainda António Costa, exige-se da parte de todos uma “mobilização total”, não se eximindo o Governo na sua cota-parte de responsabilidades na reabilitação urbana, uma vez que se trata, como referiu, de uma “política fundamental no quadro do pilar da valorização territorial do Programa Nacional de Reformas”.