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Radicalização da direita facilitou diálogo à esquerda

Radicalização da direita facilitou diálogo à esquerda

Reagindo às críticas, internas e externas, sobre o acordo que o PS está a negociar com os partidos à sua esquerda, Pedro Nuno Santos, numa entrevista ao “Público” defende que é hoje mais “natural”, perante a atual conjuntura política, fazer um acordo com o BE e o PCP, do que seria viabilizar o “mais radical Governo de direita” que o país conheceu desde abril de 1974.

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Radicalização da direita facilitou diálogo à esquerda

O dirigente socialista reconhece ser hoje mais fácil ao PS estar a negociar com os partidos à sua esquerda do que seria o diálogo com o PSD, acusando o partido de Passos Coelho de ter abandonado o centro político e de se ter radicalizado à direita, encostando-se ao CDS.

Exigir que o PS viabilizasse um Governo desta direita radical, era estar a pedir aos socialistas “o impossível”, depois de quatro anos de ataque aos rendimentos de trabalhadores e pensionistas, aos vencimentos dos trabalhadores da Função Pública e ao enorme aumento de impostos que recaiu sobretudo sobre a classe média.

Garantindo que só faz sentido que o acordo que o PS está a negociar com BE e PCP seja para sustentar um Governo estável, duradouro e para um horizonte de uma legislatura, Pedro Nuno Santos lembra que apesar das diferenças, culturais, políticas e históricas, que separam socialistas dos partidos à sua esquerda, há inúmeros pontos comuns que importa valorizar de forma a garantir que a governação será sólida, estável e credível, e responda às preocupações do povo português.

Fazer a pedagogia da democracia parlamentar

Quanto às críticas vindas sobretudo de políticos e comentadores de direita, que acusam o PS de não ter anunciado durante a campanha eleitoral a abertura para fazer acordos com os partidos à sua esquerda, Pedro Nuno Santos lembra que é preciso fazer, antes de mais, “a pedagogia sobre o que é uma democracia parlamentar”, reforçando a ideia que o eleitor ao votar está a eleger um parlamento e que os “governos emanam das maiorias aí criadas”.

O que António Costa sempre disse, acentua ainda o dirigente socialista, é que o PS “nunca viabilizaria um Governo minoritário de direita”, chegando mesmo a declarar, por mais de uma vez, que não fazia qualquer sentido apoiar ou fazer acordos com a coligação PSD/CDS quando existem enormes diferenças programáticas. O que o líder socialista nunca afirmou, recorda ainda Pedro Nuno Santos, é que o PS estaria inacessível a formar uma maioria com os partidos à sua esquerda.

Quanto ao programa de um Governo liderado por António Costa e apoiado pelo BE e pelo PCP, o dirigente socialista garante que terá como base o programa eleitoral que o PS apresentou aos portugueses, com destaque, entre outros, para aspetos tão relevantes como a manutenção de Portugal no projeto europeu, para a preservação e defesa do Estado social, para a defesa da escola pública e do Serviço Nacional de Saúde, ou para a manutenção da Segurança Social na esfera pública, garantindo que PS, BE e PCP/PEV, estão a trabalhar para que se consiga “proporcionar ao país uma maioria que seja duradoura, estável e credível”.