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Que clima vamos encontrar depois da COVID-19?

Que clima vamos encontrar depois da COVID-19?

Opinião de:

Que clima vamos encontrar depois da COVID-19?

A pandemia do COVID-19 afetou milhares de milhões de cidadãos em todo o mundo, mais do que as grandes guerras mundiais do século passado, estimando-se, até à presente data, cerca de 109 milhões de pessoas infetadas a nível global e com um impacto muito para além do da saúde. Esta pandemia revelou, como sentimos, a necessidade de alterações significativas no nosso dia-a-dia, infetados ou não; na economia; na nossa relação com os outros, trouxe, também, uma mudança radical na forma como se abordam as questões ambientais e de poluição do planeta.

O Mundo mudou sem aviso prévio e esta mudança que caiu com estrondo nas nossas vidas, transmutou radicalmente a nossa perceção do mundo, expôs a nossa fragilidade e deu-nos uma perspetiva diferente que, com certeza, iremos ter em conta ao ajustar as estratégias para os próximos tempos.

Ao nível da perceção e da sua importância para a sociedade, muitas atividades essenciais ao nosso estilo de vida passaram para a #linhadafrente. Áreas e atividades menos recordadas e evidenciadas, onde também se inclui a recolha e tratamento de águas residuais, são atualmente mais reconhecidas, não só pela importância do seu trabalho para a questão da saúde pública – já que o contributo para o ambiente lhe era intrínseco – mas também porque levou para a #linhadafrente, centenas de pessoas que neste período se mantiveram no terreno, dia a dia, garantido a qualidade de vida a que nos habituámos e à qual nunca conferimos tempo para “pensar e reconhecer”. Todos temos de estar agradecidos aos profissionais de vários setores que continuaram e continuarão na #linhadafrente.

Esta pandemia colocou a temática da poluição mundial e a sua redução em cerca de 6% como mais um tema incontornável na discussão sobre o futuro do planeta. Os índices de poluição do ar em muitas áreas do nosso planeta não eram tão baixos há várias décadas. No entanto, não sendo um tema de discussão imediata obriga-nos a refletir… De forma clara, considero que não é caminho para um ambiente mais sustentável, a desaceleração da economia que trará certamente mais pobreza, desemprego e aumento das desigualdades. A solução passa por soluções tecnológicas e inovadoras que permitam reduzir os gases de efeitos estufa, passa pela redução dos resíduos e da produção de vários produtos potenciando a Economia Circular, e com isso criar valor a nível mais global à sociedade. Mas a diminuição dos níveis de poluição para valores que não se verificavam há quatro ou cinco décadas atrás, em várias latitudes, mostra a necessidade de mudarmos os nossos hábitos e rotinas, criando novas formas de trabalho, mais racionalidade nas deslocações, num Mundo que se pretende que funcione, sim, mas de forma mais sustentável.

Hugo Xambre Pereira
Vice-presidente executivo da Águas do Tejo Atlântico; Membro da Comissão Nacional do PS.