“Quando se está bem acompanhado e no bom caminho não se muda de rumo”
O líder socialista respondia assim às dúvidas levantadas dias antes, quer pelo PCP, quer pelo e BE, que alertaram para o risco de uma eventual aliança ou de um futuro entendimento entre PS e PSD para a constituição de um Bloco Central. Cenário que António Costa se apressou a afastar, defendendo não haver nenhuma razão para desfazer o que tem corrido bem, garantindo mesmo que pretende manter a “mesma companhia” de há dois anos, até ao fim da legislatura.
O Secretário-geral socialista falava aos deputados socialistas durante o jantar das jornadas parlamentares, que começaram ontem e terminam hoje em Coimbra, deixando claro, na sua intervenção, que o Governo que lidera não tem qualquer intenção de alterar o status quo que mantém com os parceiros parlamentares.
A este propósito, António Costa lembrou os bons resultados que o Governo conseguiu alcançar “em apenas dois anos”, invertendo por completo, como sustentou, o cenário herdado e as expectativas alarmistas do discurso da direita, designadamente, baixando o défice e o desemprego, alavancando a economia e as exportações, para além de ter sido possível manter todos “os compromissos assumidos por Portugal com a Europa”.
Para o líder socialista e primeiro-ministro, nem o PS, nem o Governo têm qualquer dúvida ou algum estado de espírito em relação ao caminho que pretendem prosseguir, que é manter, como garantiu, “o mesmo percurso que começamos há dois anos com a mesma companhia com que iniciámos”.
Mais emprego e crescimento
António Costa teve ainda ocasião para garantir que o Governo que lidera vai continuar a apostar fortemente, nos dois anos que restam da legislatura, na criação de mais e melhor emprego, e em políticas que promovam um maior crescimento económico e “mais igualdade”, mas também na descentralização de competências para as autarquias e uma maior transparência na política, temas que fazem igualmente parte, como recordou, dos trabalhos destas jornadas parlamentares do PS.
O líder socialista lembrou que estes são alguns dos assuntos que integram a agenda do Governo para os dois anos que restam da legislatura, garantindo que o Executivo que lidera vai igualmente avançar com a reforma da floresta, assim como saberá encontrar os necessários mecanismos legais para enfrentar o “desafio colocado pelo futuro quadro comunitário de apoio”.
Não deixando de considerar que a economia correria sérios riscos de sustentabilidade caso houvesse um eventual regresso da direita ao poder, considerando o líder socialista que a direita “iria penalizar a competitividade à custa dos baixios salários”, António Costa não deixou, contudo, de desafiar os partidos da direita parlamentar a aprovarem “até ao final da sessão legislativa” quer a descentralização de competências para as autarquias, quer a lei das Finanças Locais, garantindo que os socialistas estão persuadidos que estas iniciativas sejam aprovadas até ao próximo verão.
Ironizando, já no final da sua intervenção, com a célebre tese defendida pelo então presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, que na altura classificou o Governo de Cavaco Silva como “o bom aluno da Europa”, o Secretário-geral socialista lembrou que “eles é que diziam que eram os bons alunos, mas quem elegeu o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, fomos nós”.