PSD tem demonstrado falta de responsabilidade numa das mais importantes obras deste quarto de século
Durante o programa da rádio TSF ‘Almoços Grátis’, Carlos César deixou claro que, em matérias como esta, “o sentido de responsabilidade não é exclusivo dos governos, é partilhado pelos governos e pelas oposições”.
Enquanto o CDS-PP se predispôs a colaborar com o Governo “com sentido de responsabilidade”, o PSD “não deseja colaborar, porque tem uma estratégia que nós conhecemos: quanto mais nós complicarmos a vida ao Governo, melhor, mesmo que o país seja prejudicado”, criticou o dirigente socialista, considerando tratar-se de “uma conduta que é a todos os títulos lamentável”.
“Nós temos uma opção do Montijo e aderimos a essa opção, aliás, para nos encostarmos a um consenso nacional que já vinha sufragado pelo PSD e pelo CDS”, recordou.
Carlos César sublinhou depois que o que está neste momento em causa é que “uma das mais importantes infraestruturas deste quarto de século” está “pendente do parecer de uma câmara municipal [da Moita] que tem uma freguesia e meia abrangida pela chamada zona de impacto ambiental”.
O presidente do Partido Socialista defendeu que “se o interesse público for tão relevante”, deveria então proceder-se a uma alteração da lei que permite aos municípios vetar a construção do aeroporto do Montijo, uma matéria nacional.
Carlos César referiu a importância de os portugueses conhecerem o que está em causa, garantindo não se tratar de “uma birra”. “Em primeiro lugar, o país necessita com urgência de uma infraestrutura que compense o esgotamento do aeroporto da Portela e só a solução do Montijo responde com urgência a essa matéria”, asseverou.
Depois alertou que “todas as localizações têm inconvenientes ambientais e para todas elas são previstas medidas mitigadoras”, não sendo um problema exclusivo do Montijo. De facto, a solução do Montijo é “dez vezes mais barata do que a solução de Alcochete, que é superior a sete mil milhões de euros”.
“O único obstáculo que há a suprir é evidentemente o da legislação em vigor, se as câmaras municipais – que no caso é uma – não compreenderem no essencial o que está em causa”, disse.
O presidente do PS revelou depois que “ainda hoje saiu um comunicado subscrito pelo Partido Socialista, pelo Partido Social Democrata e pelo CDS do Seixal em que todos eles apelam a que a solução seja adotada do Montijo e que sejam tomadas as providências para que ela seja concretizada no curto prazo”.
Carlos César, que admitiu ser “francamente difícil” um acordo entre o primeiro-ministro e a Câmara Municipal da Moita, frisou que “era bom que essas câmaras municipais ponderassem e até dialogassem com os seus munícipes sobre o outro lado destas questões”. E mencionando as medidas mitigadoras e os benefícios que o Governo introduziria nesses municípios, deixou uma questão no ar: “Será que algum cidadão desses concelhos foi informado pela sua câmara municipal desses benefícios?”.
Líderes parlamentares deviam revelar posição sobre nomes para TC e CES
O presidente do Partido Socialista também comentou a votação dos nomes para o Tribunal Constitucional e para o presidente do Conselho Económico e Social, tendo sido todos chumbados no Parlamento. Carlos César considerou ser “importante que publicamente, formalmente os líderes parlamentares digam qual é a posição do seu grupo parlamentar sobre cada uma das candidaturas, porque sendo certo que é um voto secreto e um voto individual, há um compromisso partidário que é preciso assumir”.
“A insistência na candidatura de Vitalino Canas, que precisava de dois terços”, justifica-se “pela convicção de que o PSD apoiaria essa candidatura e também que todos os deputados do Partido Socialista apoiariam”, o que não aconteceu, disse.
Carlos César avisou depois que “não valem desculpas toscas” como a de Francisco Louçã de que “a candidatura de Vitalino Canas contaminou as restantes candidaturas e por isso não teve os votos”. “Até na aldeia mais recôndita de Portugal os portugueses distinguem as votações da assembleia de freguesia, para a assembleia municipal e para a câmara municipal e votam segundo o seu entendimento”, garantiu.
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