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PS será acelerador de mudança na Europa

PS será acelerador de mudança na Europa

Em entrevista ao jornal PÚBLICO, António Costa assume que o PS vai racionalizar as obras públicas e dar ao Estado a capacidade técnica para acabar com as consultadorias externas. O líder do PS acredita poder ajudar a alterar, ao lado do PSOE, a orientação das políticas austeritárias prosseguidas nos últimos anos, colocando no Conselho Europeu dois “aceleradores” da mudança na Europa.

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PS será acelerador de mudança na Europa

Ao contrário da mensagem que o Governo insiste em passar aos portugueses, a Comissão Europeia, para António Costa, tem vindo a dar sinais importantes, com a nova liderança Jean-Claude Juncker, de querer uma mudança.

Reconhecendo que o caminho se faz caminhando, o líder do PS diz que a Europa, pela sua diversidade é hoje, mais do que no passado recente, o espaço privilegiado do combate político democrático, havendo indícios claros de mudança “que importa valorizar”.  

O que a Comissão Europeia tem estado a dizer, sobretudo desde as eleições europeias, ao contrário da prática do Governo português nestes últimos anos, diz António Costa, é que é necessário uma leitura inteligente e flexível do Tratado Orçamental e que a Europa precisa de investimento. Tese que aliás também é corroborada pelo Banco Central Europeu (BCE) ao intervir no mercado comprando dívida e assim aumentando a liquidez.

Para António Costa, para que “tudo isto se torne mais consistente”, é necessário, por um lado, ter uma ambição negocial muito forte, apontando como base para esta iniciativa o documento que foi aprovado pelo Partido Socialista Europeu e, por outro lado, juntar à vontade de mudança na Comissão, uma nova maioria no Conselho Europeu “que não só apoie como também incentive e dê força à Comissão para proceder a essa mudança”.

Uma realidade só possível, diz ainda o líder socialista, se os resultados das próximas eleições legislativas nos dois países ibéricos vierem dar força às propostas do PS e do PSOE para que Portugal e Espanha deixem de ser, como tem sucedido até agora, dois “contravapores” para passarem a ser dois “aceleradores” desta mudança na Europa.

A economia andou 15 anos para trás

O Secretário-geral do PS desmente a tese da direita segundo a qual não é possível estar na Europa sem austeridade. 

A este propósito, refere que um dos méritos do cenário macroeconómico apresentado pelo PS é demonstrar que Portugal pode virar a página da austeridade com bons resultados para a economia.

O que o cenário macroeconómico torna evidente, sustenta António Costa, é que é possível “virar a página da austeridade sem sair do euro”, lembrando que as propostas apresentadas neste documento coincidem em muitos aspetos com as propostas defendidas pela União Europeia.

António Costa salienta que o cenário macroeconómico veio provar que é possível alcançar uma maior redução da dívida e um défice menor do que o previsto pela Comissão Europeia, com mais crescimento e menos desemprego.

Para inverter a estratégia de austeridade executada nestes últimos quatro anos pelo Governo do PSD/CDS, António Costa garante que a criação de emprego estará sempre na primeira linha das suas preocupações e lembra que a estratégia do PS passa, no que respeita ao relançamento da economia, por medidas que vão da modernização do tecido empresarial à aproximação à universidade, à incorporação de ciência e a um conjunto vasto de ouras medidas de curto e médio prazo.

Nesta entrevista, o líder do PS foi perentório ao afirmar que a política deste Governo, “não deu nem dará resultados”, dando o exemplo da dívida, que passou de 97% do PIB para os actuais 130%, com a economia a andar para trás 15 anos, a taxa de desemprego ao nível de há 20 anos e ser preciso “regredir 50 anos para encontrar um ano em que tenham emigrado tantos portugueses”.  

Modernizar o Estado

Moralizar e racionalizar as obras públicas, recolocar no Estado a capacidade técnica que tem vindo a perder com o atual Governo da direita, e acabar com as consultadorias externas e assessorias privadas, são algumas das iniciativas que o futuro Governo socialista, liderado por António Costa, irá concretizar.

Garante que o Estado não pode continuar a perder os seus recursos próprios nas competências jurídicas para a negociação de grandes contratos, e que o objetivo é reforçar a isenção, a imparcialidade e independência da Administração Pública, recordando os muitos anos em que os serviços públicos tiveram dos melhores quadros nas mais diversas áreas.