PS pede que se deixe “cair as divergências políticas” para executar Plano de Recuperação
“Os portugueses não nos perdoarão se a Assembleia da República for incapaz de gerar um entendimento alargado sobre um Plano de Recuperação que ultrapassa esta legislatura e que mais não é do que o desenho do resto das nossas vidas”, asseverou o socialista no encerramento do debate parlamentar sobre o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030.
Carlos Pereira pediu um “novo ‘homo politicus’”, uma “nova atitude” por parte dos partidos representados na Assembleia da República, uma vez que “o tremendo clima de incerteza que a crise pandémica provoca e a degradação progressiva e abrupta dos indicadores económicos e sociais” assim o exige. Ou seja, “uma capacidade extrema para deixar cair as divergências políticas e romper com preconceitos ideológicos para olhar com dignidade e sentido de responsabilidade o nosso Portugal real”.
O deputado do PS deixou o alerta: “Divergir incondicionalmente no essencial do plano é comprometer a sua execução rápida e eficaz, mas também é reduzir a força do país na defesa dos nossos interesses em Bruxelas”.
Carlos Pereira sublinhou que o Executivo “conduziu o processo de construção de um plano sem identidade partidária”, tendo sido desenhado por “uma personalidade da vida portuguesa [António Costa Silva]” num “exercício extraordinário de auscultação profunda de muitos agentes, culminando com uma consulta pública que gerou ainda mais contributos”.
O Grupo Parlamentar do PS, tendo sempre como objetivo a “construção da convergência”, transportou o debate sobre o Plano de Recuperação e Resiliência – que “triplica os meios financeiros disponíveis por ano” – para a “Assembleia da República para ouvir o autor do programa, mas também os responsáveis políticos, além de ter proposto a criação de uma comissão eventual para que todos possam acompanhar a sua execução”.
Papel do Estado na reposição da capacidade produtiva
Carlos Pereira avisou depois que estar em convergência “significa também dizer não a condicionalidades impostas pela União Europeia e contribuir para estabelecer metas, prioridades e objetivos. Somos nós e não os outros, que vêm de fora, que estabelecem os parâmetros que defendem os portugueses”.
O parlamentar do PS explicou que a ideia é “envolver o país inteiro na execução do plano descentralizando e dando mecanismos para que, ao nível infra estadual, da região e da autarquia, por exemplo, não haja nenhum vazio operacional”.
Para o deputado, o país estar junto “num processo ativo de convergência significa compreender o papel incontornável do Estado para criar as condições de reposição da capacidade produtiva, numa atenção particular às empresas como único reduto capaz de criar emprego e dinamizar o crescimento económico”.
O socialista terminou a sua intervenção salientando que “não há tempo para discussões intermináveis”, já que a “agenda do Plano de Recuperação é exigente e apertada”.