PS pede comissão de inquérito ao Novo Banco “sem fantasmas”
“A doença do BES passou para o Novo Banco. Esta é a grande conclusão que o relatório de auditoria da Deloitte nos traz”, asseverou o deputado socialista durante a apresentação da proposta do PS para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito.
“O Partido Socialista pretende um inquérito parlamentar ao Novo Banco desde o dia da resolução até aos dias de hoje. Pretendemos acima de tudo, com o inquérito parlamentar, avaliar e apurar em que circunstâncias é que o interesse público foi lesado desde o dia em que o Banco de Portugal resolveu o BES”, explicou.
Para João Paulo Correia, é igualmente importante “escrutinar porque é que, em setembro de 2015, foi decidido interromper a venda do Novo Banco quando o Banco de Portugal anunciou publicamente que existiam três propostas de três entidades, três propostas muito boas”.
Ora, “em três meses e meio, de setembro de 2015 a dezembro de 2015, o banco deixou de ser atrativo e passou a ser um banco, segundo o Banco de Portugal, com muitos processos, ativos problemáticos todos eles com origem no BES”, recordou.
João Paulo Correia disse depois que o processo de venda do banco em 2017 também tem de ser escrutinado, para “desfazer as dúvidas” de alguns partidos. O Governo tinha três opções: “Ou era vendido como foi vendido – só apareceu uma proposta –, ou era liquidado, ou era nacionalizado”, referiu o socialista, que frisou que “a liquidação e a nacionalização tinham um custo muito elevado”.
É ainda de extrema relevância “saber por que razão é que a auditoria aponta 140 desconformidades à administração do Novo Banco. Temos de saber se estas carteiras de ativos de imóveis e de créditos têm sido ou não vendidos ao desbarato”.
Acesso a informações de sigilo bancário
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS sublinhou depois que esta comissão de inquérito vai ter acesso a informação de sigilo bancário e profissional, “que não tinha no passado”, tratando-se de um “instrumento valioso e que pode apurar responsabilidades e responsáveis nos momentos em que o Estado foi lesado”.
João Paulo Correia deixou claro que “o Novo Banco existe porque o BES faliu, e o BES faliu por atos de má gestão realizados por falhas graves praticadas pelos ex-responsáveis do BES e do GES”.
No dia em que o Banco de Portugal, na altura liderado por Carlos Costa, e o Governo PSD/CDS-PP “anunciaram a constituição do Novo Banco, prometeram um banco bom dizendo que os ativos problemáticos tinham ficado no BES e não tinham sido transitados para o Novo Banco. Sabemos hoje que isso não é verdade, sabemos que mais de 90% dos processos, que originaram perdas avultadas no Novo Banco e que têm justificado as injeções do Fundo de Resolução, têm origem no BES”, concluiu João Paulo Correia.