PS lamenta marcação de debate pelo PSD apenas por “sobrevivência política”
“Fica-nos a dúvida sobre se este debate tem a ver com o propósito do PSD de colmatar essa lacuna, embora com manifesto atraso, ou se, por outro lado, tem a ver com as dificuldades internas de afirmação deste PSD e com a resposta às críticas internas que têm surgido à nova liderança”, atacou o socialista.
António Sales, que deixou duras críticas à ação dos sociais-democratas acusando-os de praticar uma política de “mera ação cosmética”, avançou ainda mais uma hipótese para a bancada do PSD ter optado pela marcação deste debate: “Não quer manter-se em silêncio, quando algumas áreas profissionais anunciam ou realizam paralisações laborais, apesar de ter sido o anterior Governo o grande promotor do retrocesso das remunerações e das condições de trabalho dos profissionais”.
Dirigindo-se à bancada laranja, o parlamentar do PS questionou quais as “propostas construtivas e consistentes” que vão trazer a debate, lembrando o período de governação do PSD/CDS entre 2011 e 2015, como por exemplo “mais taxas moderadoras, menos despesa pública, menos acessibilidade, menos produção assistencial”. E ainda “cortes nas prestações sociais, cortes nas pensões, cortes nos salários, aumento do desemprego, determinantes sociais que geram iniquidades na saúde”, acrescentou.
Políticas do Governo produzem resultados positivos
António Sales sublinhou, dirigindo-se principalmente à bancada do PSD, que “as políticas do atual Governo em matéria de saúde estão a produzir resultados e a prova disso é o recente estudo da Universidade Nova que atesta o impacto positivo sobre a vida dos cidadãos e do sistema”.
Refere esse estudo que o índice de sustentabilidade de saúde progrediu 2,8% entre 2015 e 2017 e que a qualidade técnica efetiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que usou 13 indicadores validados por entidades independentes, subiu substancialmente. Também a percentagem de portugueses que deixou de comprar medicamentos por insuficiência económica caiu de 14,2% para 10,8%, o valor mais baixo desde 2014.
“Sinceramente, pensei que era sobre estas matérias que o PSD hoje queria refletir e fazer o seu ato de contrição, mas cedo percebemos que se trata apenas de uma questão de sobrevivência de agenda política, ao sabor de interesses meramente partidários”, sintetizou o socialista.