PS exige explicações do primeiro-ministro sobre uso da administração pública para fins eleitorais
Ferro Rodrigues falava em conferência de imprensa, tendo a seu lado o coordenador do PS para a área da justiça Jorge Lacão, na sequência da manchete de hoje do Diário de Notícias que noticia que a ministra da Justiça está a usar dirigentes da administração pública “para fins eleitorais”.
Segundo o DN, a ministra utilizou dirigentes públicos para saber se o programa do PS para a área da justiça coincidia com as medidas adotadas pelo executivo, enviando um e-mail aos diretores-gerais a pedir, com urgência, que identificassem, de um conjunto de medidas retiradas “ipis verbis” do programa eleitoral do PS, as que já tivessem sido realizadas pelo atual governo ou estivessem em vias de o ser.
“Estamos perante uma situação gravíssima e sem paralelo na democracia portuguesa”, afirmou o líder parlamentar socialista, denunciando que tinha chegado ao conhecimento do PS que a situação da utilização de dirigentes públicos para analisarem as medidas eleitorais do PS se estende a outros ministérios.
“O primeiro-ministro tem de dar urgentemente explicações se esta situação está localizada no Ministério da Justiça ou se, tal como o PS suspeita, se poderá estender a outros ministérios”, exigiu Ferro Rodrigues. “Temos informações de que aconteceu também noutros ministérios, como é o caso do Ministério da Economia”, salientou o líder da bancada do PS.
Por sua vez, o deputado socialista Jorge Lacão, que já tinha interpelado diretamente a ministra da Justiça durante o debate parlamentar, concluiu que Paula Teixeira da Cruz “não está à altura de exercer funções num Estado de Direito democrático”.
Na interpelação, Jorge lacão questionara a ministra sobre qual o seu “fundamento de legitimidade” para ordenar aos dirigentes do seu ministério para avaliar, não as condições de execução concreta do programa de Governo, mas “as condições de exequibilidade do programa eleitoral de um partido da oposição”.
Acusando a ministra de, ao longo do seu mandato, “semear situações de vitimização” pelas políticas erradas que desenvolveu, o deputado exigiu que a ministra não se escusasse a assumir a responsabilidade exclusiva por mais este “erro político” e pedisse desculpa ao PS.