PS é o grande impulsionador da estabilidade política no país
Numa entrevista à agência Lusa, o Secretário-geral socialista e primeiro-ministro, António Costa, defendeu que seria “um pouco incompreensível” que o PS não saia “mais forte” e com uma votação reforçada das próximas eleições de 6 de outubro, um cenário que poderia bloquear e comprometer a “estabilidade necessária à prossecução das políticas seguidas na atual legislatura”.
Para o líder socialista, Portugal tem de evitar a todo o custo cair numa situação de “impasse à espanhola” o que se traduziria por “deitarmos pela janela” uma solução que tem funcionado bem, trocando-a por uma outra que, manifestamente, “não pode ser o futuro que cada um de nós deseja”.
Estabilidade política e mais desenvolvimento económico, ainda na perspetiva de António Costa, só será possível manter e reforçar caso o PS “saia mais forte” das próximas legislativas, lembrando que seria displicente e totalmente “incompreensível” que se viesse a pôr em causa o equilíbrio conseguido numa altura em que todos na Europa “procuram uma solução à portuguesa”.
Trajetória de bons resultados
Sem se referir concretamente nem às críticas dos partidos à esquerda do PS nem às dos partidos da direita, António Costa fez, contudo, questão de assinalar que foram as opções políticas tomadas pelo seu Governo, no âmbito dos acordos parlamentares com o BE, PCP e Verdes, que inverteram a “trajetória austericida” que vinha a ser seguida pelo anterior executivo de direita, onde, ao contrário do que hoje sucede, havia uma clara e assumida “divergência” com a União Europeia, com um desemprego que estava acima dos 12% e onde nenhum dado apontava para uma qualquer redução sustentada do défice.
Neste sentido, António Costa lembrou que se a opção do seu Governo tivesse sido, como alguns defenderam na altura, entrar numa “lógica de renegociar a dívida” e de “não olhar ao défice”, certamente que a economia portuguesa, como sustentou, não teria recuperado a credibilidade internacional e “estaríamos hoje a pagar juros que asfixiariam quer a capacidade de recuperação de rendimentos, quer a capacidade de investimento nos serviços públicos quer, ainda, a capacidade de termos agora um programa de 10 mil milhões de euros de investimento público”.
Para o primeiro-ministro, é um dado objetivo o papel decisivo desempenhado nesta legislatura pelo PS, ao ter sido o principal impulsionador de um conjunto de políticas que criaram um cenário de grande estabilidade no país, o que permitiu, como salientou, que tivesse havido, entre outros benefícios, recuperação de rendimentos e redução do défice das contas públicas, mas também um “crescimento económico forte e a recuperação da credibilidade internacional” do país ou, ainda, o “desagravamento fiscal e a redução da dívida”. Um trabalho que António Costa reconheceu ter tido igualmente o contributo decisivo de uma “maioria de esquerda na Assembleia da República e a boa relação que manteve com o Presidente da República”.
O primeiro-ministro e líder do PS teve ainda ocasião de lembrar que houve nesta legislatura um aumento do investimento no Serviço Nacional de Saúde em cerca de 1.600 milhões de euros, ao mesmo tempo, como reforçou, que houve uma “redução da despesa anual com a dívida pública em perto de 2 mil milhões de euros”, lamentando que, apesar dos excelentes resultados que o Governo tem para apresentar aos portugueses, os partidos que formaram a base parlamentar de apoio ao Executivo, BE, PCP e PEV, insistam “todos os dias” numa lógica de “afastamento e de demarcação da solução de Governo” que foi encontrada.
Estabilidade e confiança
Já na parte final da entrevista, António Costa insistiu na necessidade de estabilidade política, indispensável para “incutir confiança aos investidores”, para que “continuem a apostar em Portugal e a criar emprego mais estável e com melhores salários”.
“Para isso tudo, a confiança é fundamental. Ora, não há confiança onde há instabilidade. Garantir a estabilidade é fundamental para termos confiança e podermos viver com tranquilidade num quadro de incertezas internacionais que temos pela frente”, frisou.