PS é esperança num Portugal mais igual
Mário Soares subiu à tribuna do pavilhão Rosa Mota, no Porto, ao som do ‘slogan’ das suas campanhas presidenciais, em 1986 e 1991, “Soares é fixe”.
Na ocasião, o antigo Presidente da República e fundador do PS retorquiu: “Soares é fixe e tem 90 anos. Temos à nossa frente o secretário-geral [António Costa], que merece ser saudado”.
Depois, num breve discurso, Mário Soares fez um balanço sobre os 41 anos de democracia, agradecendo aos militares o papel que tiveram na construção de Abril.
“Temos sempre de falar dos militares”, declarou, aludindo depois à “importância que o PS começou a assumir na vida portuguesa”.
E apontou os exemplos da entrada de Portugal na CEE (Comunidade Económica Europeia) e a criação do Serviço Nacional de Saúde.
Sobre o SNS, criticou “a infâmia” que constitui a sua presente destruição, responsabilizando por isso o atual Governo de direita.
“O SNS hoje não existe!”, condenou.
Numa rápida referência ao período da fundação do PS, Mário Soares não esqueceu o apoio que foi dado pelos sociais-democratas alemães (SPD), então liderados por Willy Brandt, à Revolução de Abril de 1974 e aos primeiros anos da democracia, elogiando também Francisco Sá Carneiro, Álvaro Cunhal e Freitas do Amaral.
Mário Soares terminou com uma mensagem positiva: “O PS é a esperança num mundo melhor, num mundo menos desigual”.
Confiança nas novas gerações
Antes, Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS entre 1988 e 1992, frisou que o mais importante no presente momento “é confiar na coragem e na determinação das novas gerações”, porque a sua geração “já fez aquilo que tinha a fazer”.
Questionado sobre o percurso do partido fundado por Mário Soares ao longo dos últimos 42 anos, o também antigo chefe de Estado fez questão de frisar que “os partidos se renovam continuamente, até porque os desafios são outros e hoje as exigências nacionais e internacionais são enormes”.
Consolidação da democracia
No primeiro discurso da Festa da Democracia, o líder da Federação do PS do Porto, José Luís Carneiro, fez um merecido elogio político aos antigos presidentes da República Mário Soares e Jorge Sampaio.
José Luís Carneiro recordou que foi o PS, com Mário Soares nas funções de primeiro-ministro, que permitiu a Portugal aderir à Comunidade Económica Europeia, “consolidando a democracia portuguesa e promovendo a devolução integral do poder à sociedade civil”.
“Lembro também que Jorge Sampaio, como Presidente da República, foi à minha terra, Baião, e fez com que duas crianças pobres passassem a poder ir à escola”, disse.
Por sua vez, o secretário-geral da Juventude Socialista, João Torres, lamentou que hoje seja difícil fazer política e acreditar na política.
“Cometemos muitos erros na nossa história, mas só com o PS foi possível consolidar a democracia em Portugal”, declarou, acrescentando que para os jovens socialistas, “a liberdade é o primeiro dos valores”.
“Para nós, todas e quaisquer discriminações merecem uma guerra sem quartel”, frisou João Torres, num discurso em que também lembrou a ação política de José Mariano Gago, falecido recentemente.