PS: desde 1973, ao encontro com a História
Entre uma ala liberal visível e com alguma liberdade de manobra e um Partido Comunista alerta e preparado, havia a notória lacuna do socialismo democrático. No Congresso de Bad-Munstereifel, Mário Soares e outros lideraram a linha que argumentou persuasivamente a favor do robustecimento de uma alternativa socialista, capaz de dialogar com a Europa e de assumir responsabilidades em Portugal. Não houve uma decisão unânime dos delegados ao Congresso da ASP. No PS foge-se ao unanimismo desde o seu ato fundador.
O PS caminha para quinquagenário, mas a sua História integral está por fazer.
Lutou pela Democracia, antes e depois do 25 de Abril. Esteve na primeira linha da rejeição da unicidade sindical no início de 1975; encheu a Fonte Luminosa, em Lisboa, em 19 de julho desse ano; liderou a construção de uma constituição democrática na Assembleia Constituinte, em cujas eleições, em 25 de Abril de 1975, foi o partido mais votado. O PS é o Partido da Constituição de 1976.
Lutou pela consolidação da democracia na eleição e reeleição de Eanes, na revisão constitucional de 1982 e na eleição de Mário Soares em 1986, contra toda a direita unida, ou na condução do processo de adesão à CEE, assinada em junho de 1985.
O PS esteve em momentos altos da história recente de Portugal, como a adesão à União Económica e Monetária, ou a assinatura do Tratado de Lisboa, em 2007, mas também em momentos difíceis, como as negociações com os credores internacionais em 1983 e 2011 e em momentos de exigência e responsabilidade, como a votação do Tratado Orçamental em 2012. Em todos eles fez o que tinha a fazer. Sem unanimismos, certamente, mas sem que possa recear o julgamento da História.
O PS de 2015 não é o PS de 1973. O Partido metamorfoseou-se ao longo do tempo. Mudou a sua estrutura de militantes, sufragou diferentes estilos de liderança, evoluiu no seu ideário. Deixou de ser um partido de massas à moda antiga e está a transformar-se num novo tipo de partido, aberto aos eleitores através das primárias.
Mas há algo que não muda: a sua capacidade de lutar contra o radicalismo, seja de uma direita liberal ou de uma esquerda irresponsável e de aparecer sempre como a alternativa moderada, moderna e progressista, amiga da liberdade e da democracia, aberta à inovação. Também não muda a vontade de fazer história. Talvez esteja para breve o próximo encontro com ela, quando um Governo do PS estiver na linha da frente da mudança que a Europa necessita.