PS contra alteração em ano de eleições
O Partido Socialista critica esta decisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Rui Machete, manifestado a sua oposição à iniciativa e lamentando não ter sido ouvido em todo o processo.
O deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, presidente da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros, mostra-se muito crítico em relação a esta “escala de mudanças” que o MNE tem em curso, lembrando que o país está a viver um novo “ciclo político”. Criticou ainda o facto de a iniciativa não ter sido objeto de uma qualquer negociação prévia com o maior partido da oposição.
A alegação dada pelo MNE, de que o movimento de rotação diplomática que está a preparar se justifica para assegurar o normal funcionamento do Ministério é, para o PS, pouco sustentada, apontando alguns dos nomes sugeridos como uma das razões da sua desconfiança para com esta iniciativa, que poderá ser entendida como uma forma de o Governo “se manter em funções depois das eleições”.
Num recente artigo publicado no Diário Económico, o embaixador Francisco Seixas da Costa recordava que a diplomacia portuguesa “tem sido bastante preservada das flutuações e dos ciclos políticos”, salvo, como salienta, em casos pontuais, em que a “titularidade das Necessidades foi raptada por baixas ‘vendettas”.
Para Seixas da Costa, a emergência de novos governos e de novos titulares do MNE não tem conduzido, em geral, à mudança de embaixadores ou de chefias nas Necessidades, uma “salutar prática”, inaugurada por Mário Soares em 1974, diz ainda o embaixador Francisco Seixas da Costa, que muito tem “prestigiado Portugal perante o mundo” e contribuído para transformar a política externa numa “verdadeira política de Estado, que tradicionalmente se tem situado para além das clivagens partidárias”.
Garantindo desconhecer, na altura em que escreveu o artigo, o nome das personalidades escolhidas pelo Governo para a liderança dos postos diplomáticos, Seixas da Costa pergunta se não seria mais apropriado aguardar pelo Governo que sairá das próximas eleições para proceder a tais mudanças, tanto mais, como realça, “ não existe nenhum quadro temporal que obrigue a que essas alterações se façam necessariamente agora”.
Do que até agora se sabe é que o Governo pretende nomear 13 novos embaixadores, nomeadamente para as representações diplomáticas de Portugal em Luanda, Berlim, Washington e para a Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER).