“Hoje homenageamos quem esteve na origem de tudo. Celebramos a coragem, a visão e os valores que deram vida ao Partido Socialista. Foi graças ao compromisso com a liberdade, a democracia e a justiça social que Portugal avançou. O PS orgulha-se do seu passado, honra quem o construiu e continua a trabalhar, com o mesmo compromisso de sempre, por um futuro mais justo, mais digno e mais seguro para todos”, realçou Pedro Nuno Santos, numa cerimónia que antecedeu um almoço comemorativo, no Salão Nobre da sede nacional, com a presença de fundadores do partido, atuais e anteriores dirigentes e figuras históricas do PS.
No jardim que tem também o nome do antigo primeiro-ministro e chefe de Estado, o Secretário-geral do PS, defendeu que, numa altura em que se ouve “falar tão mal dos últimos 50 anos” de democracia, é importante recordar o país que se herdou do Estado Novo.
Era um “país com uma taxa de analfabetismo gigante, éramos um dos países com mais baixos níveis de qualificação da Europa, um país que, do ponto de vista dos resultados de saúde, tinha resultados terceiro-mundistas ao nível da taxa de mortalidade infantil”, enumerou.
Combater os saudosistas do passado de má memória para o país
Neste ponto, Pedro Nuno Santos questionou a retórica daqueles que hoje, como André Ventura e a linguagem política do Chega, se mostram saudosistas deste Portugal do Estado Novo, atacando a democracia.
“Eu ouço muitas vezes o líder da extrema-direita falar sobre os últimos 50 anos e aquilo que me apetece perguntar-lhe, ou dizer-lhe, é que ele tenha a coragem e a frontalidade de dizer que preferia os 50 anos antes. E que diga porque é que preferia os 50 anos antes: o que é que gostava nesses 50 anos antes? O que é esses 50 anos, antes destes 50 anos de democracia, tiveram?”, desafiou.
O que o esses anos fazem lembrar, pontuou o Secretário-Geral do PS, é “a pobreza e miséria” em que vivia a “grande maioria do povo português”, o analfabetismo, a ausência de um Serviço Nacional de Saúde (SNS) e “a falta de liberdade e de democracia, a tortura e o assassinato político”.
Em contraponto, Pedro Nuno Santos referiu que, desde o 25 de Abril de 1974, além de se ter conquistado a democracia e a liberdade, Portugal “conseguiu o que muitos países não conseguiram”, designadamente “saltar de pais com a quarta classe para filhos com a licenciatura”, criar o SNS, dar “educação a todas as crianças” ou desenvolver as infraestruturas do país.
Reconhecendo que há áreas nas quais ainda não foi feito “o suficiente” nos últimos 50 anos, entre as quais a da habitação, que considerou ser um setor onde não se verificaram os mesmos avanços que na saúde, na escola pública ou nas pensões, o líder socialista defendeu que este é um trabalho que exige determinação.
“Há muito por fazer e o problema ganhou dimensão nos últimos anos. Nós lançámos, há cinco anos, o maior programa de construção pública de que há memória no país. Precisa de ser intensificado”, sustentou.
Pedro Nuno Santos defendeu ainda que o PS deve continuar a ter “visão” para o país, salientando que Portugal tem “um potencial de desenvolvimento extraordinário”, de que são exemplo, como citou, afirmar-se como um “centro nevrálgico” na economia de dados, pela sua sua localização geográfica, assim como a produção de energias renováveis, que deve potenciar.
“Nós demos um salto enorme depois de derrubarmos a ditadura, mas ainda falta resolvermos muitos problemas, e não há nenhum partido em Portugal que tenha a competência, a experiência, os quadros, os valores e princípios certos como o PS tem”, reiterou.