O Secretário-Geral do Partido Socialista lançou esta segunda-feira um aviso firme ao Governo da AD, sublinhando que a privatização da transportadora aérea portuguesa não pode comprometer o interesse nacional nem desfazer décadas de construção estratégica que fazem da companhia uma peça central da projeção de Portugal no mundo.
Ao chegar esta manhã à Cerci Flor da Vida, instituição social e de saúde instalada na Quinta das Rosas, na Azambuja, o líder socialista enfatizou que a TAP é muito mais do que uma companhia aérea.
“A TAP é um instrumento de coesão territorial, de ligação às comunidades portuguesas no estrangeiro e de afirmação internacional do país”, vincou, defendendo, por isso, que qualquer processo de privatização precisa, em primeiro lugar, de salvaguardar a identidade e a operação em território nacional, bem como garantir que a empresa continue a desempenhar plenamente o seu papel de ‘hub’ – centro de operações e de ligação – no aeroporto de Lisboa.
“A TAP tem de continuar a cumprir a sua função estratégica de ligação entre a Europa e os continentes americano, africano e asiático. Essa é também a função estratégica de Portugal no mundo”, frisou José Luís Carneiro, acrescentando que esta missão — construída ao longo de décadas — não pode ser fragilizada por decisões apressadas ou orientadas apenas por interesses de curto prazo.
O líder do PS fez questão de destacar igualmente que a companhia aérea portuguesa é responsável por uma vasta atividade económica associada, incluindo manutenção aeronáutica, logística e serviços especializados, setores que geram milhares de empregos e contribuem de forma determinante para a economia nacional.
Preservar esta cadeia de valor, salientou, “é essencial para impedir a deslocação de competências e investimento para fora do país”.
Escrutínio atento do processo de privatização
Na ocasião, José Luís Carneiro confirmou ainda, perante os jornalistas, o facto de ter enviado uma carta ao primeiro-ministro, questionando aspetos determinantes do processo de privatização, conforme noticiado pelo diário “Público”.
Neste ponto, assegurou que o PS “fará o escrutínio da forma como for realizada a privatização” a partir da Assembleia da República, evidenciando o papel do partido como garante da transparência e da defesa do interesse público.
Perante questões sobre eventuais preferências quanto ao comprador, o Secretário-Geral foi categórico ao vincar que o verdadeiramente importante é que o processo decorra “com normalidade, salvaguardando a integridade e isenção”.
E voltou a insistir em que “a prioridade terá de ser sempre a proteção do país”, e não a promoção de interesses particulares ou soluções precipitadas.
O líder socialista deixou ainda um aviso claro ao executivo de direita chefiado por Luís Montenegro, sublinhando que “é indispensável assegurar que o futuro dono da TAP reembolse o Estado pelos 3.200 milhões de euros investidos durante a pandemia”, um esforço financeiro suportado pelos contribuintes para salvar a empresa num momento crítico e garantir que continuava ao serviço de Portugal.