home

Prioridade à Economia

Prioridade à Economia

Sujeito a fortes medidas de austeridade, Portugal necessita, na próxima legislatura, de recuperação económica. E, sobretudo, de uma estratégia para o seu desenvolvimento. Desde logo, porque a crença na “austeridade expansionista” imposta por este Governo levou à duplicação das medidas recessivas durante o período de assistência financeira; depois, porque é preciso construir estrategicamente uma visão de conjunto sobre a economia portuguesa que, simultaneamente, estimule o rendimento disponível das famílias, o consumo, o investimento e o emprego; e, por fim, porque urge recuperar as expetativas das pessoas, em todos os domínios da nossa vida, desde o funcionamento dos serviços públicos (nomeadamente nas áreas da saúde e da educação) ao investimento, ao emprego, às desigualdades sociais e territoriais.

Opinião de:

Prioridade à Economia

A recuperar muito lentamente de uma forte crise económica, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a economia portuguesa cresceu 1,5% no segundo trimestre de 2015 face ao período homólogo. Mas a verdade é que, no seu quotidiano, o que a grande maioria das pessoas e famílias em Portugal sente é a persistência de uma forte crise social: são as enormes dificuldades financeiras para fazer face a necessidades básicas, a precariedade do seu emprego e o aumento das desigualdades sociais e da pobreza. Por isso, é preciso implementar políticas que assegurem a recuperação do rendimento das famílias da denominada “classe média” e das mais carenciadas, combater a precariedade e garantir maior justiça na distribuição da riqueza e do rendimento.        

Mas é necessário também não ignorar que esta estratégia para o desenvolvimento do país depende não só de estímulos para a recuperação do rendimento das pessoas e famílias mas também para o financiamento das empresas. Para tanto, como se defende no programa eleitoral do PS, importa dinamizar a execução dos fundos comunitários, garantindo o seu direcionamento para as empresas e reforçando o financiamento à economia; promover o investimento empresarial e uma maior articulação e integração dos apoios ao investimento, o que inclui o estímulo a novas formas de financiamento privado que ampliem as opções de financiamento às empresas e a criação de incentivos fiscais ao investimento aplicado em projetos empresariais; e adotar iniciativas destinadas a atrair a Portugal Investimento Directo Estrangeiro (IDE) estruturante que potencie emprego qualificado e resultados de projetos de I&D, que valorize a nossa posição geoeconómica, tire partido das vantagens competitivas existentes no tecido económico. A capacidade da economia atrair IDE só será concretizada se for adotada uma estratégia de planeamento do investimento, baseada na conjugação de vários fatores mas, sobretudo, da promoção da imagem do país a nível internacional, salientando fatores como, por exemplo, as potencialidades naturais do território ou as qualificações dos nossos trabalhadores.  

O investimento empresarial é uma variável-chave para uma recuperação sustentada da economia. Só assim se conseguirá travar a destruição de emprego – que tem sido, nestes últimos 4 anos, o fenómeno social mais inquietante – e o retrocesso social e retomar o caminho do desenvolvimento sustentável. E só assim conseguiremos também superar a crise orçamental. A este propósito recorde-se as palavras ainda atuais do pensador António Sérgio, na sua obra Ensaios: “A obra de fomento precedeu a obra financeira. É essa a verdadeira cronologia económica…É pavoroso o nosso défice financeiro, mas dêem-nos boa economia e logo teremos boas finanças. Enriquecer Portugal, eis todo o problema financeiro”.   

Entre muitas outras razões, mas também por estas, para fazer diferente, Portugal precisa de um novo Governo.