Primeiro-ministro lembra que cabe ao Ministério Público a investigação do roubo de armas da base militar
Falando aos jornalistas em Oeiras, após ter presidido na companhia do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e do secretário de Estado para a Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, à inauguração da nova sede da multinacional norte-americana Johnson & Johnson, um investimento de 5,5 milhões de euros, no parque empresarial Lagoa Park, o primeiro-ministro lembrou ao líder do PSD, que dias antes acusou o Governo de nada estar a fazer para esclarecer o roubo das armas em Tancos, que o Executivo que lidera fez desde o início “aquilo que tinha a fazer”, que foi verificar se “havia ou não uma ameaça à segurança” do país, deixando a investigação para o Ministério Público.
Segundo António Costa, o que é preciso, neste como em casos semelhantes, é seguir o caminho que o Governo seguiu, lembrando que sem nunca pôr em causa a autonomia da investigação a cargo do Ministério Público, o Executivo reuniu, nas 48 horas “imediatamente seguintes”, a Unidade de Combate ao Terrorismo e a secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, reunião que teve por objetivo, como referiu, “verificar se havia ou não uma ameaça à segurança, tendo na altura recebido das duas entidades a garantia de que não havia qualquer risco para a segurança do país”.
Em política não vale tudo
Também o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, reagiu na sua página na rede social Facebook às palavras que classificou de lamentáveis do líder do PSD, condenando que se faça brinque com as Forças Armadas, reafirmando que o Governo “fez o seu dever” no caso de Tancos.
Para Azeredo Lopes, em política, “como noutras esferas da vida”, não devia valer tudo, considerando lamentável que a direita insista e não hesite, para fazer oposição, em “tentar a todo o custo a partidarização do Exército”, garantindo que o Governo “fez o que lhe cabia e era seu dever” , respondendo de forma “célere e competente ao furto de Tancos”, designadamente “restabelecendo as condições de segurança do material militar à guarda das Forças Armadas” através da “recolocação noutros paióis mais modernos, e num tempo recorde, de mais de mil toneladas daquele material”.
Depois de acusar o líder do maior partido da oposição de “ter atacado ferozmente as Forças Armadas” e de não ter “hesitado em tentar a todo o custo a sua partidarização”, Azeredo Lopes foi ainda muito crítico quando lembrou que fazer oposição a qualquer preço leva normalmente a que se “confundam factos básicos”, como distinguir o “princípio da separação de poderes”, reafirmando que “não incumbe ao Governo a investigação do caso, mas ao Ministério Público”.
Para o ministro da Defesa Nacional, que estará na próxima quarta-feira no Parlamento para responder aos deputados sobre o caso de Tancos, “fazer chacota” com as Forças Armadas ou com as suas chefias “quebra um consenso de décadas” na democracia portuguesa e “fere instituições que tanto fizeram e fazem por Portugal”.