Primeiro-ministro deve ter humildade democrática de travar privatização da TAP
Aconselhando “humildade democrática” ao primeiro-ministro, António Costa lembrou que “o Governo nada fez para ter consenso social ou consenso político, seguindo antes uma via de pura teimosia e de radicalismo ideológico” e recusando todas as propostas do PS nesta matéria.
Segundo o líder socialista, o Executivo faz perigar o futuro da TAP, bem como dos transportes públicos de Lisboa e do Porto com esta posição de intransigência cega.
Por isso, reforçou um apelo ao Governo e a Pedro Passos Coelho, dizendo que “ainda estão a tempo de emendar a mão e de fazer aquilo que é um consenso mínimo, dando tempo para que se encontrem outras soluções tendo como base um acordo social e político alargado”.
“É pena que o primeiro-ministro tenha desaproveitado sistematicamente as oportunidades que lhe foram proporcionadas de haver um acordo político sólido”, lamentou António Costa, criticando que Passos Coelho tivesse acordado tarde para “um problema [da TAP] em relação ao qual devia ter estado atento mais cedo, visto que há quatro anos que é primeiro-ministro”.
A cereja no topo da TAP
Quanto a uma privatização da TAP com um encaixe financeiro muito baixo, o secretário-geral considerou que seria “a cereja em cima do bolo” sobre a forma “altamente negativa” como o atual Governo tem conduzido este processo.,
António Costa reagia assim à possibilidade admitida por Passos Coelho de privatizar a transportadora aérea portuguesa mesmo que as propostas financeiras dos potenciais compradores sejam consideradas baixas.
Confrontado pelos jornalistas com outras afirmações proferidas pelo chefe do Executivo PSD-CDS, acusando o PS de “arrogância” em matéria de privatização da TAP, o líder socialista escusou-se a qualificar tais declarações, recordando que “o Partido Socialista já se disponibilizou para um acordo sobre capitalização pública com autorização de Bruxelas, já se disponibilizou para apoiar a privatização parcial por via da dispersão em bolsa e já se disponibilizou para aceitar uma privatização até 49%, mas o Governo recusou uma, recusou duas e recusou as três soluções, teimando concretizar uma solução que sabe que tem a discordância do PS, das estruturas sindicais e da generalidade dos portugueses”.
Para o líder socialista, Passos Coelho “está muito distraído” quando diz que a responsabilidade por não haver um amplo consenso no processo de privatização da TAP é do PS.