Presidência portuguesa vai privilegiar as questões sociais

Presidência portuguesa vai privilegiar as questões sociais

Presidência portuguesa vai privilegiar as questões sociais

Portugal vai contribuir de forma decisiva para que haja um claro aprofundamento do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, assumindo ser este um dos assuntos que a presidência portuguesa da União Europeia vai privilegiar, lembrando a este propósito que este será aliás o tema forte da Cimeira Social que terá lugar na cidade do Porto nos dias 7 e 8 de maio.

De entre os muitos temas a abordar nesta Cimeira Social pelos líderes dos 27 Estados-membros, o ministro português dos Negócios Estrangeiros destaca, designadamente, a “nova garantia para a infância e a nova diretiva regulamentar sobre o quadro europeu do salário mínimo”, mas também o “reforço da garantia jovem, uma nova abordagem política das questões do envelhecimento e os avanços no domínio da União Europeia para a Saúde”.

Dissecando um pouco cada um dos itens, Augusto Santos Silva refere, por exemplo, que a garantia para a infância passa por apostar na missão de “impedir que qualquer criança europeia se veja excluída, por razões meramente financeiras, dos cuidados de saúde ou de educação”, assim como o reforço da garantia jovens, outros dos temas a debater nesta Cimeira Social de maio, que prevê encontrar os mecanismos necessários que permitam que os jovens possam ter “acesso à educação, à saúde e à formação profissional”, mas também “à proteção e à transição da etapa de formação para a vida ativa”.

Em relação ao dossiê do envelhecimento, o objetivo, de acordo com Santos Silva, é “garantir formas ativas de envelhecimento e de participação dos mais idosos na vida social”, proporcionando-lhes uma inserção mais ativa na sociedade para que possam enfrentar e ajudar a ultrapassar o “desafio do quase inverno demográfico que vários países europeus já hoje vivem”.

De acordo com o governante, a diretiva sobre o salário mínimo europeu, que ainda “não aponta para o estabelecimento de um valor único”, o que na opinião do titular da pasta dos Negócios Estrangeiros seria nesta altura “um absurdo” dadas as diferenças económicas que ainda existem entre os diversos Estados-membros, aponta para a garantia de um “quadro de referência europeu para o salário mínimo”, insistindo Augusto Santos Silva que a União Europeia deve adotar o mesmo enquadramento seguido por Portugal com o rendimento mínimo universal, aqui designado, como lembrou, de Rendimento Social de Inserção.

Ainda no âmbito dos temas a abordar pelos 27 na Cimeira Social, dedicada ao Pilar dos Direitos Sociais, o ministro destacou, entre outras questões, a relacionada com a “dimensão da igualdade e da não discriminação”, problemática que inclui, como assinalou, a diretiva de “participação das mulheres nas administrações das empresas e da transparência salarial”, para além de outro tema muito atual como é a “estratégia de realização dos direitos e de não discriminação das pessoas em função da sua orientação sexual”.

Fundo de Recuperação e orçamento comunitário

Nesta entrevista, o ministro dos Negócios Estrangeiros referiu-se também ao Fundo de Recuperação, que visa relançar as economias após a crise provocada pela pandemia de Covid-19, sinalizando que a primeira ‘tranche’, cerca de 10% do montante total que cada Estado-membro da União receberá, deverá chegar às economias europeias durante o primeiro semestre de 2021, deixando também a garantia que o objetivo da presidência portuguesa é “chegar ao fim com todos os planos nacionais de recuperação e resiliência aprovados” e com o Quadro Financeiro Plurianual “no terreno”.

Lembrando que a lógica que preside ao Fundo de Recuperação é diferente da que rege os fundos europeus, Santos Silva sinaliza a este propósito que, no primeiro caso, o que está estabelecido é que haverá “um adiantamento inicial”, sendo que a proposta da Comissão Europeia é de que esta antecipação seja de 10%, mas depois, como acrescenta, “os pagamentos são feitos numa lógica de reembolso com cada Estado a fazer as despesas e só depois a ser ressarcidos por parte da Comissão Europeia”.

O ministro lembrou ainda que o orçamento comunitário só “entrará em vigor” depois, cabendo à presidência portuguesa a “tarefa essencial”, como referiu, de aprovar mais de “40 regulamentos dos programas específicos do orçamento”, garantindo, por outro lado, que estão previstos “vários lançamentos de programas durante o semestre português”, como o “Erasmus, o novo corpo europeu de voluntariado, o programa Horizonte Europa e o Europa Criativa”, entre outros.

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