Preparar o futuro da lusofonia
A propósito dos 20 anos da organização lusófona que se assinalam no próximo dia 17, Augusto Santos Silva destacou, em entrevista, que o português vai registar “uma enorme expansão” este século, com projeções demográficas a apontar que o número de falantes de língua portuguesa em África supere o número de falantes de português no Brasil.
Nesse sentido, o chefe da diplomacia portuguesa considera que a nova visão estratégica da CPLP, que deverá ser aprovada este ano, “avança quando chama a atenção para a necessidade de revalorizar o Instituto Internacional da Língua Portuguesa” (IILP), manifestando esperar que os Estados-membros assumam “um compromisso concreto” com este organismo, uma vez que enfrenta problemas crónicos de subfinanciamento.
Por outro lado, a organização tem também um grande potencial de crescimento económico, referiu o ministro, destacando o facto de cerca de metade das novas reservas de gás e de petróleo serem oriundas de países do bloco lusófono.
Por isso, “a CPLP deve estar preparada”.
“É uma organização não de cultivação museológica do passado, mas sim de projeção no futuro”, disse Santos Silva, declarando que “insistência mais recente no valor económico” da CPLP é “muito proveitosa” e é um “desenvolvimento normal da história” da organização.
Mas, alertou, o enfoque nos aspetos económicos “não pode significar menor atenção ao pilar da língua”.
Aprofundar cidadania e facilitar circulação
Por outro lado, realçou a existência de comunidades lusófonas fora dos países que constituem a CPLP e que são “embaixadoras da língua portuguesa tal como ela é, com vários centros e várias variantes”.
O aprofundamento da cidadania é outro caminho e, nesta área, Portugal defende a facilitação “ao máximo” da circulação de pessoas no interior da CPLP, através da concessão de vistos, e o incentivo à mobilidade académica e científica.
O nosso país também tem insistido na portabilidade dos direitos sociais, no aumento da cooperação entre as sociedades civis, nomeadamente através dos observadores consultivos da CPLP, e na expansão da cooperação a novas áreas, como ciência, energia e oceanos.
Refira-se que, 20 anos após a sua criação, CPLP é constituída por 9 estados: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.