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“Precisamos de um Estado de direito democrático forte e que seja para todos”

“Precisamos de um Estado de direito democrático forte e que seja para todos”

O Secretário-Geral do PS defendeu ontem, a propósito do sucedido no Bairro do Zambujal e dos desacatos que têm decorrido na Grande Lisboa, o primado de “um Estado de Direito democrático, sólido e forte” e que seja “para todos”, condenado as manifestações de violência e chamando a atenção do primeiro-ministro também para os problemas de integração social.

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“É muito importante que quem tem responsabilidades a chefiar um Governo não se concentre apenas no tema da segurança apenas do lado da repressão, mas também ter a capacidade de perceber o que é que está a acontecer na sociedade portuguesa e aquilo que nós temos de fazer para promover a coesão social e a integração social”, declarou.

Sobre o caso da morte de Odair Moniz, após ter sido alvejado por um agente da PSP, Pedro Nuno Santos pediu cautela nas conclusões, salientando que há inquéritos e uma investigação em curso, e advogando que este caso deve suscitar, a todos, um sentimento de “empatia”, desde logo “para com a família deste cidadão que morreu”, ao mesmo tempo que também “não se pode ignorar o facto de o agente envolvido ser um jovem de 20 anos, com um ano de atividade profissional”.

“Nós devemos esperar com serenidade para não corrermos o risco de sermos injustos nem com a memória de quem morreu, nem com o agente da PSP”, afirmou, criticando também as tentativas de aproveitamento político dos temas que dizem respeito à segurança dos cidadãos, nomeadamente por parte do líder do Chega.

“Quando um político tenta apenas explorar um caso de insegurança real para alimentar uma perceção da qual possa beneficiar, alimentando o medo entre os portugueses, isso é o pior caminho para defender a qualidade da democracia portuguesa”, advertiu.

O líder socialista frisou que, não obstante Portugal ser reconhecidamente um dos países mais seguros, existem problemas que são conhecidos, que não são de hoje e que “devem ser atacados, não só do lado da punição, do lado repressivo, mas obviamente também, antes disso, em conseguirmos construir uma sociedade com maior coesão e maior harmonia”.

“Isso depende também dos políticos, de nós, das declarações que fazemos”, reforçou.

Apelando a que seja feito “um debate sobre a segurança em Portugal e sobre as condições de vida de uma grande parte dos portugueses”, Pedro Nuno Santos defendeu que, nesse debate, devem ser discutidas, por um lado, as condições que devem ser dadas às forças de segurança para “fazer cumprir a lei e garantir a ordem e a segurança de todos”.

“Ao mesmo tempo que nós não podemos deixar de olhar para fenómenos de exclusão social, de discriminação, de pobreza que nós temos em Portugal”, sem esquecer também nesse debate os fenómenos “de racismo que existe no nosso país e de violência nas forças de segurança”, completou.

Polémica com MNE é “caso de Estado” que deve ser clarificado

Nesta entrevista, o Secretário-Geral do PS também abordou a polémica das noticiadas ofensas dirigidas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros ao chefe de Estado-Maior da Força Aérea e outros militares, no aeroporto de Figo Maduro, à chegada de um voo de repatriamento de portugueses do Líbano, considerando que este é um “caso de Estado”, que “tem de ser clarificado o quanto antes”.

“Nós não sabemos o que aconteceu e este silêncio do Governo preocupa-nos ainda mais, porque está a alimentar um tabu que tem de ser clarificado o quanto antes”, estando em causa a preservação das instituições e da relação entre o poder político e militar, disse, referindo que tanto o primeiro-ministro como o ministro da Defesa Nacional não quiseram até agora comentar o sucedido.

Pedro Nuno Santos salientou que se está a falar do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, “do número dois do Governo”, e defendeu que “é muito importante” perceber quem é que “está com a tutela de uma das pastas mais importantes e mais delicadas do Governo”.

“O que se espera é que quem tem responsabilidades governativas em Portugal diga o que é que aconteceu e porquê é que aconteceu para nós podermos fazer a nossa avaliação sobre quem temos à frente do Ministério dos Negócios Estrangeiros a representar Portugal no mundo”, afirmou.

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