Portugal voltou a valorizar importância pedagógica, histórica e política da restauração
O facto de a cerimónia comemorativa da restauração da independência de Portugal ter contado este ano, pela primeira vez, com a presença do Chefe de Estado e do primeiro-ministro, levou António Costa a afirmar que celebrar esta data no presente não pode significar, nem tão pouco ser interpretado, como um “serôdio sentimento anticastelhano”, que, como garantiu, “não faz hoje qualquer sentido”, defendendo, contudo, que o Estado deve acompanhar “em permanência” a Nação na importância “simbólica e histórica” e na valorização desta data, mas “com sentido pedagógico”.
Lembrando a excelência das relações que hoje existem entre os dois países ibéricos, confirmadas aliás, como lembrou, com a recente visita de Estado dos reis de Espanha, onde foram claras as “concordâncias entre os dois país” em matérias como a União Europeia, a NATO, a comunidade ibero-americana e o mercado ibérico, António Costa defendeu que estes valores e políticas devem estar aliados a um “patriotismo positivo e integrador” e não a sentimentos “anticastelhanos”, que hoje não fazem, como sustentou, qualquer sentido.
Salientou, neste sentido, que Portugal pode orgulhar-se de ser hoje um país aberto, que tem sabido acolher de forma exemplar gente tão distinta e com interesses tão diversos, como “turistas e imigrantes, investidores e refugiados, estudantes e artistas”, sem porém ter perdido, como fez questão de elogiar, a sua identidade de sociedade aberta, “cosmopolita e universalista” e “cada vez mais portuguesa”.
Repor a memória da independência
António Costa manifestou, por isso, satisfação pela decisão do Governo que lidera por ter reposto o feriado do 1º de dezembro, depois de em 2013 o anterior executivo de direita ter tomado a decisão de o anular, não deixando, a este propósito, de felicitar ainda a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, o Movimento 1º Dezembro de 1640 e a Câmara Municipal de Lisboa, por terem promovido e organizado estas comemorações.
Intervindo também nas cerimónias do 1º de dezembro, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, depois de elogiar o primeiro-ministro e o coordenador do Movimento 1º de dezembro de 1640, Ribeiro e Castro, por se terem “batido para que a memória da independência não caísse no esquecimento”, defendeu que, ao contrário do que alguns dirigentes políticos têm vindo a declarar, patriotismo “não é uma ideia de direita ou de esquerda”, pelo que não deve ser “confundido com nacionalismo”, sustentando que o patriotismo é uma “aspiração de futuro coletivo” que enaltece a democracia portuguesa “consolidada e aberta ao mundo”.