Portugal tem a responsabilidade de estar à altura do desafio
O primeiro-ministro defende nesta entrevista, hoje publicada, que Portugal dispõe, com o novo pacote financeiro aprovado no último Conselho Europeu, de uma “bazuca financeira” para poder enfrentar com êxito não só a atual crise provocada pela pandemia, com todas as consequências nefastas que trouxe para a economia e para a qualidade de vida dos portugueses, como encarar com otimismo os desafios futuros, sustentando que agora o país “não pode falhar os tiros”.
Com este novo quadro financeiro agora aprovado, a economia portuguesa passa a dispor, como lembra o primeiro-ministro, de “mais de 50% de verbas da União Europeia do que teria num quadro financeiro normal”, razão mais do que suficiente, como sustenta, para que o país tenha a capacidade e a responsabilidade necessárias para “definir um bom plano de batalha e não falhar o tiro”, lembrando que em média, daqui até 2029, o país vai poder contar com perto de “6,7 mil milhões de euros para executar por ano”.
Trabalhar e executar corretamente estas verbas, ainda segundo António Costa, vai exigir um “enorme esforço” da administração pública, mas também uma “grande responsabilidade e empenho por parte dos agentes económicos”, reafirmando que o país, perante este novo quadro financeiro, não se poderá queixar da “falta de munições”, frisando que a Europa cumpriu com a sua parte, cabendo agora aos portugueses estarem à altura do desafio.
Plano de recuperação
Quanto ao Plano de Recuperação para 2020/2030, elaborado pelo gestor António Costa Silva a pedido do Governo, e os custos inerentes à sua execução, o primeiro-ministro deixou claro que o único desafio que foi colocado ao professor universitário foi que elaborasse “uma visão estratégica”, lembrando que o produto deste trabalho terá depois que ser “declinado em diferentes instrumentos de execução” e de seguida “devidamente orçamentados”, referindo que o desafio que se coloca a quem governa passa “precisamente por pegar nessa visão estratégica e dizer como é que se a poderá transformar em ação”.
Outros temas abordados nesta entrevista pelo primeiro-ministro e líder do PS teve a ver com a revisão do Regimento da Assembleia da República, aprovada na passada semana pelo PS e pelo PSD, com ambos os partidos a concordarem com o fim dos debates quinzenais com a presença do primeiro-ministro. Matéria sobre a qual António Costa mostrou estar de acordo, justificando que os debates de quinze e quinze dias no Parlamento estavam já a “favorecer a conflitualidade interpartidária e a degradação das relações pessoais”, lembrando que o modelo que prevaleceu até agora estava “desenhado para ser um duelo”, e os duelos, como refere, “têm uma regra simples: ou mata um ou mata outro”.
O novo modelo de debates parlamentares agora aprovado, ainda segundo António Costa, ao contrário anterior, que estava “montado para produzir sound bites” para os telejornais, “favorece o escrutínio do Governo” e foge à “lógica confrontacional”, sustentando que o que mais gosta de fazer na vida política “é resolver problemas”, daí ter mais gosto pelas “funções executivas do que pela retórica parlamentar”.