De acordo com António Costa, que esta manhã inaugurou em Sines o cabo ótico submarino que passa a ligar a Europa à América Latina e a outros continentes, o posicionamento estratégico de Portugal tem sido desde sempre decisivo para que o país possa assumir o protagonismo de ser, deste o passado ao presente e ao futuro, “a porta de entrada, o ponto de ligação e a ponte de amarração” entre a Europa e outros continentes.
A par da inauguração do novo cabo ótico submarino, o primeiro-ministro referiu-se também à criação do megacentro de armazenamento de dados informáticos que brevemente vai nascer em Sines, uma iniciativa já anunciada no passado dia 23 de abril, lembrando a este propósito tratar-se de mais um dos equipamentos de ponta que estão pensados para serem instalados nesta cidade do litoral alentejano.
Neste sentido, o chefe do Governo fez questão de sublinhar que outros cabos submarinos e outros ‘data centers’ vêm igualmente a caminho de Sines, o que significa, como referiu, que esta cidade vai ser, não só um grande porto de mercadorias físicas, “mas também um grande porto de dados e do conhecimento”.
Na inauguração esta manhã deste novo equipamento, um investimento privado da responsabilidade da EllaLink’, numa cerimónia organizada em conjunto pela presidência portuguesa do Conselho da União Europeia e pela Comissão Europeia, o primeiro-ministro realçou que esta nova ligação por cabo ótico submarino entre Sines e a cidade brasileira de Fortaleza, com cerca de seis mil quilómetros de extensão, e que constitui a primeira ligação direta de alta velocidade por cabo submarino entre a Europa e a América do Sul, reveste-se não só de uma “grande importância estratégica” para Portugal, mas também simbólica, reafirmando que, numa altura em que tanto se fala na era digital e na desmaterialização do espaço, “faz todo o sentido que não haja nem centro, nem periferia”, mas que esta não pode, contudo, como assinalou, prescindir da existência de uma infraestrutura, sendo aqui que “a geografia volta a contar”.
Transformação digital
Presente nesta cerimónia esteve também o ministro da Economia e da Transição Digital, tendo Pedro Siza Vieira destacado a importância de Portugal estar hoje claramente posicionado no “coração do desenvolvimento tecnológico”, assumindo que a posição geográfica de Portugal e a “sua relação histórica com o mar” permitem garantir que a instalação desta infraestrutura no país vai exponenciar a qualidade da transmissão de dados em alta velocidade entre os dois continentes.
O governante referiu-se ainda à necessidade de a União Europeia avançar o quanto antes com a regulamentação deste setor, de forma a proteger “o mais cedo possível” a competitividade das plataformas das pequenas e médias empresas e das ‘startups’, no âmbito dos mercados digitais.
Já a presidente da Comissão Europeia, numa mensagem gravada para a ocasião, realçou a importância do novo cabo submarino, defendendo que desempenhará também um papel simbólico na “parceria renovada” da União Europeia com a América Latina, mas também um “exemplo para os nossos envolvimentos com parceiros em todo o mundo”. Ursula von der Leyen reafirmou que este empreendimento vai decididamente “impulsionar os negócios e a partilha científica e cultural” entre ambos os continentes, mas, sobretudo, “garantir a segurança, a resiliência e a estabilidade da internet global da qual as nossas economias e a sociedade dependem”.