Portugal preparado para acolher mais refugiados
Falando aos jornalistas antes de iniciar um almoço num restaurante de cozinha síria, situado no mercado de Arroios, em Lisboa, um projeto incluído na Associação “Pão a Pão”, que ajuda a integrar refugiados oriundos do Médio Oriente, fundada por três portugueses e uma estudante síria, o primeiro-ministro, António Costa, fez questão de recordar que a nível da União Europeia, Portugal se mantém num dos primeiros lugares no acolhimento dos refugiados em operações de recolocação, garantindo que o país continua “ativo e disponível” para receber mais refugiados.
A este propósito, António Costa sublinhou que a quota portuguesa é de “praticamente dez mil pessoas”, sendo que na operação de recolocação “chegaram a cerca de 1500”, enquanto na reinstalação o cenário aponta para que possam chegar mais de 1100.
Trata-se, segundo o primeiro-ministro, de um mecanismo que está ainda a funcionar de forma “muito lenta”, a nível europeu, o que não impede, como salientou, que Portugal “não tenha sido até agora exemplar”, quer na abertura, quer na capacidade de acolher, quer sobretudo de integrar na sociedade, sendo este para António Costa um dos mais importantes fatores de todo este processo que envolve os refugiados.
Exemplo de sucesso
Quanto ao restaurante e ao que ele representa para a integração dos 14 refugiados que ali trabalham, 12 sírios, um iraquiano e uma palestiniana, para além de dois portugueses, António Costa destacou esta iniciativa como “um exemplo de sucesso”, sublinhando que o objetivo do acolhimento não visa apenas “assegurar a proteção” às pessoas, mas também abrir-lhes a possibilidade de novos caminhos e de novas soluções para que possam retomar as suas próprias vidas.
O primeiro-ministro respondeu depois ao desafio lançado pelo ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, que o acompanhou neste almoço, sobre quais as possibilidades que Portugal tem de “fazer mais” pela reintegração dos refugiados, questão que para António Costa está hoje bastante mais solucionada, em virtude, como salientou, de o país beneficiar presentemente de “melhores condições de crescimento económico”.
Exemplo desta disponibilidade, segundo o primeiro-ministro, é a que nos é dada quer pelas universidades, quer pelos politécnicos, quer ainda por um vasto conjunto de empresas, que têm “sinalizado disponibilidade” para acolher e ajudar a reintegrar mais refugiados, nomeadamente estudantes, sendo contudo essencial, como referiu ainda António Costa, que os “mecanismos europeus de recolocação e reinstalação” sejam agilizados e adquiram mais dinâmica.
Em relação à realidade portuguesa, a integração das pessoas que procuraram o país para aqui continuarem com as suas vidas, o primeiro-ministro defende que “no essencial” tem corrido bem, salientando que mais de 50% dos refugiados têm vindo a “autonomizar-se encontrando trabalho ou outros caminhos em processos normais, noutros países, ou no reagrupamento familiar”.