Portugal poderá sair do plano inclinado em que a direita o deixou
No final do primeiro de dois dias de debate na generalidade do Orçamento de Estado (OE) para 2016, na Assembleia da República, Carlos César não excluiu uma eventual “revisão dos compromissos dos países devedores” numa “situação em que os seus encargos são inibidores de crescimento” e em que esta seja “uma questão central no debate europeu”.
Recorde-se que a renegociação da dívida é recorrente matéria defendida pelo Bloco de Esquerda (BE) e pelo Partido Comunista Português (PCP), partidos que viabilizam parlamentarmente o Executivo do PS.
A este propósito, o líder da bancada socialista deixou claro que “não há nenhuma questão que o PS não aceite discutir. Não há temas proscritos”.
No início da sua intervenção, na abertura do debate, César destacou o “alto significado político” de a proposta de Orçamento ser aprovada na generalidade com votos favoráveis de PCP e Bloco de Esquerda.
“Como há perto de dois anos o senhor primeiro-ministro dizia e bem, defendemos que o conceito de arco de governação com critério de exclusão à esquerda não poderia ser nunca um fator de enriquecimento e envolvimento na nossa democracia. Rompemos com esse bloqueio histórico”, vincou.
E criticou o PSD e o CDS pela sua própria autoexclusão do debate e pela ausência de propostas.
“A direita encontra algum critério de exclusão que não seja a ela imputável?”, questionou.
Depois, em resposta a Pedro Passos Coelho, que acusou o primeiro-ministro de estar de joelhos na Europa, Carlos César frisou que o líder do Governo socialista não esteve ajoelhado em Bruxelas, admitindo, porém, que António Costa por lá tivesse encontrado um “genuflexório” usado pelo seu antecessor.
Recordou ainda os quatro orçamentos e oito retificativos apresentados pelo anterior Executivo Passos/Portas e defendeu que é o documento agora apresentado pelo Governo que permitirá a Portugal sair do “plano inclinado” em que estava com a maioria PSD/CDS.
A concluir, Carlos César também falou no apelo deixado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, reforçando-o.
“Não há aqui um apelo a uma coligação ou aliança espúria, mas apenas o apelo a que o PSD regresse ao país real e não seja um partido excluído da vida parlamentar e da política como se está a autopropor não apresentando qualquer proposta de alteração ao Orçamento”.