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Portugal não pode habituar-se a aguardar por tragédias

Portugal não pode habituar-se a aguardar por tragédias

Eleger a floresta e o interior como prioridades, dando importância ao que é estrutural, constitui um passo decisivo para evitar incêndios como os que fustigaram Pedrógão Grande, há um ano, defendeu o primeiro-ministro.

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Portugal não pode habituar-se a aguardar por tragédias

Após a missa em memória das vítimas dos fogos de 17 de junho de 2017, realizada na vila de Pedrógão, António Costa sublinhou que o país tem de se habituar “a não aguardar pelas tragédias para dar importância àquilo que é verdadeiramente estrutural”, frisou António Costa, recordando que o Governo socialista avançou, ainda em 2016, antes dos grandes incêndios, com a reforma da floresta e a criação da Unidade para a Missão de Valorização do Interior.

Segundo o líder do Executivo, há duas questões estruturais que Portugal tem de enfrentar e para as quais hoje, “infelizmente, está mais alerta do que devia ter estado a tempo e horas”: as necessidades de revitalizar o interior e de concretizar a reforma da floresta.

Depois, Costa sublinhou que o desafio não se esgota no Verão ou neste Verão, sendo “para muitos anos”, visto que a revitalização do interior e a reforma florestal serão matérias que levarão tempo, face ao território extenso e muito abandonado do interior.

A estes desafios somam-se, disse, as alterações climáticas, que atualmente criam maiores situações de risco de incêndio.

“Ao mesmo tempo que fazemos esse trabalho de longo prazo, não podemos deixar de dar resposta ao imediato, acorrer àqueles que carecem de resposta imediata e prepararmo-nos para o período que aí vem, por forma a termos as melhores condições possíveis para evitar tragédias como a tragédia de Pedrógão Grande”, pontualizou.

Quanto ao período crítico de incêndios que se avizinha, o primeiro-ministro considerou que Portugal está hoje “mais bem preparado, com mais equipamento, com mais recursos”, além de se ter registado um esforço de prevenção que não existia anteriormente.

A força inspiradora das populações afetadas

António Costa realçou também a capacidade de resiliência e de superação das populações, considerando que são “uma força inspiradora”.

À saída da igreja matriz de Pedrógão Grande, o governante evidenciou a capacidade de reconstrução na área afetada pelo grande incêndio que fustigou a região em junho do ano passado.

“É uma força inspiradora para todos nós vermos como as pessoas, perante a tragédia, perante o drama que sofreram, em vez de abandonarem, em vez de desistirem, estão aqui prontas para a luta, para reconstruir este território e reconstruírem as suas vidas”, enfatizou, realçando de seguida que apenas três pessoas não tiveram vontade de reconstruir as suas casas de primeira habitação e que a generalidade das empresas afetadas decidiu avançar com a reposição do potencial produtivo.

“Hoje, é um dia que nos curvamos perante a memória daqueles que faleceram, que relembramos a dor daqueles que perderam os seus familiares, daqueles que ficaram feridos gravemente e que ainda hoje padecem do sofrimento e do trauma deste incêndio”, disse.

Mas, contrapôs, para lá da dor e do luto, permanece a “esperança e a força extraordinária que toda a população tem demonstrado”, mostrando-se capaz de “se reconstruir e de reconstruir este território”.