Portugal mobiliza ajuda da União Europeia a Moçambique
Falando aos jornalistas à saída do encontro com a Alta-Representante da União Europeia para a Política Externa, Federica Mogherini, encontro realizado à margem da reunião do Partido Socialista Europeu que antecede o Conselho Europeu, o primeiro-ministro garantiu que tanto a União Europeia como o Governo português estão “totalmente mobilizados” e sincronizados para ajudar Moçambique a recuperar da tragédia causada pelo ciclone Idai.
Para o primeiro-ministro, este encontro com a chefe da diplomacia da União Europeia serviu para informar Federica Mogherini acerca dos “mecanismos de apoio” e das iniciativas que Portugal já tem no terreno em matéria de ajuda a Moçambique, e como pretexto para o primeiro-ministro português saber se o nível de empenhamento da União Europeia corresponde àquilo que é o “esforço conjunto” que a comunidade internacional tem de fazer para responder à situação de emergência que se vive em Moçambique, uma tragédia, como garantiu António Costa, que está a “gerar uma consternação à escala global”.
Antes já Federica Mogherini tinha anunciado que a União Europeia está a acompanhar “passo a passo” a “terrível tragédia” que se abateu designadamente sobre a cidade da Beira, no norte do país, garantindo que todos os Estados-membros da UE manifestarem já o desejo de ajudar Moçambique de forma coordenada e com “todos os nossos recursos”, agradecendo a Portugal pelo que “já tem feito”.
Neste sentido, anunciou que um “primeiro sinal” de ajuda por parte da União Europeia foi já encaminhado para Moçambique, reconhecendo que os dois milhões de euros enviados “são ainda muito pouco” atendendo às enormes necessidades, garantindo que vai continuar a mobilizar “dinheiro e energia” para que mais fundos sejam canalizados e anunciando que hoje mesmo Bruxelas “ativou o seu novo mecanismo de proteção civil” que permitirá a todos os Estados-membros contribuírem.
Depois de se mostrar “muito grata” ao amigo António Costa pela atenção e empenho que Portugal tem dado a esta questão moçambicana e pelo facto de o primeiro-ministro português não ter hesitado um minuto em ter colocado na agenda europeia o drama provocado pelo ciclone Idai, Federica Mogherini garantiu que, depois de concluir a avaliação das necessidades, Bruxelas estará pronta para “mobilizar mais dinheiro, também do orçamento da UE”, assim que as autoridades moçambicanas, como referiu, “adiantem pedidos específicos sobre o que é preciso e onde”.
Portugal envia ajuda urgente e assegura apoio à comunidade lusa
Ontem, em Lisboa, o ministro dos Negócios Estrangeiros fez o ponto de situação relativamente ao apoio aos portugueses residentes e ao povo moçambicano, revelando que Portugal, para além de pessoal consular destacado para a Beira, vai enviar uma força rápida para apoiar o resgate de pessoas em perigo, assim como médicos e equipamento médico para apoiar as autoridades locais.
Manifestando solidariedade num “momento de grande dificuldade”, face à “extensão catastrófica” do desastre natural, Augusto Santos Silva referiu a presença do secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, em Moçambique, onde já manteve uma reunião com os serviços diplomáticos portugueses em Maputo para “fazer uma primeira avaliação da situação e das necessidades”.
Notando haver registo de “várias dezenas de portugueses que perderam casas e bens e estão a viver em soluções provisórias ou precárias”, Santos Silva disse que o secretário de Estado das Comunidades vai inteirar-se da situação e que na sexta-feira irá deslocar-se para a Beira uma equipa de cinco elementos da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades, “para reforçar o Consulado, para podermos responder às solicitações dos nossos compatriotas”.
Santos Silva salientou, depois, que não menos importante é o apoio às autoridades e população moçambicanas “nesta hora muito difícil”, referindo que as autoridades moçambicanas manifestaram diretamente ao Governo português “a utilidade e necessidade da ajuda portuguesa”.
Assim, adiantou Santos Silva, Portugal ativou uma força de reação rápida das Forças Armadas que partiu já ontem [quarta-feira], num avião de transporte militar C-130 para a Beira, operação que é coordenada pela Autoridade de Proteção Civil e constituída por 35 militares e por uma equipa cinotécnica da GNR especializada em busca, transportando também material de comunicações por satélite.
Esta força inclui ainda médicos de clínica geral, tendas e 50 camas de campanha, medicamentos e demais equipamentos, assim como apoio técnico especializado à identificação das necessidades mais prementes para o restabelecimento de comunicações.
Em preparação está o envio de um segundo avião das Forças Armadas, depois do dia 21, na medida em que as necessidades vão sendo mais bem identificadas.
De acordo com Santos Silva, Portugal vai ainda enviar uma equipa de emergência do Instituto de Medicina Legal, “correspondendo a um pedido feito pelo seu congénere de Moçambique”, meios da proteção civil, de emergência médica e de serviços para “ajudar a reposição do abastecimento de água e saneamento”.
Paralelamente, informou o governante, a Embaixadora de Portugal em Maputo está a coordenar um movimento de solidariedade dos portugueses residentes em Moçambique, para garantir a provisão de bens alimentares e de outros de necessidades básica, acrescentando que as autoridades portuguesas estão também a coordenar “um movimento muito generoso de organizações para o desenvolvimento” que preparam ações de intervenção humanitária, em articulação com o Instituto Camões.