Portugal espera novo fôlego na estratégia e liderança europeia
Falando à saída de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), Augusto Santos Silva disse esperar que, depois de nos últimos anos as instituições europeias terem sido maioritariamente “dominadas” pelo Partido Popular Europeu (PPE), é chegada a hora, como aludiu, de haver uma “redistribuição dos cargos de topo”, objeto que os líderes europeus, como recordou, “vão tentar acordar na próxima Cimeira do Conselho Europeu que decorrerá entre quinta e sexta feira em Bruxelas”.
Para o ministro Santos Silva, sustentando aliás a tese que tem vindo a ser defendida pelo primeiro-ministro, António Costa, não é possível repetir nos próximos cinco anos, sobretudo com os “resultados eleitorais saídos das recentes eleições europeias”, o mesmo cenário do último quinquénio, com o partido conservador PPE a dominar praticamente toda a “paisagem político-institucional europeia”, liderando três dos quatro postos mais importantes, ou seja, as presidências da Comissão Europeia, do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu, a que acresce o facto, lembrou ainda, de que o candidato agora apresentado pelo PPE à liderança da Comissão Europeia, o alemão Manfred Weber, representar “um problema adicional para Portugal”.
A este propósito, Santos Silva referiu que o então líder da bancada do PPE no Parlamento Europeu foi uma das vozes que mais se bateu, em maio de 2016, para que tivesse havido sanções contra Portugal numa altura em que o país, como recordou, “fazia o seu caminho para respeitar integralmente as suas obrigações na União Económica e Monetária e para sair do Procedimento por Défice Excessivo”. Uma tomada de posição por parte do político alemão, assinalou Augusto Santos Silva, que “nós naturalmente não esquecemos”.
Quanto aos resultados práticos que são esperados da próxima reunião do Conselho Europeu de quinta e sexta feira, em Bruxelas, o ministro português realçou, sobretudo, o que considera ser o “ponto mais importante”, a “aprovação da agenda estratégica” da União Europeia para os próximos cinco anos (2019/2024), sustentando que “primeiro temos todos que nos entender sobre o que queremos fazer e só depois definir quem deve conduzir a União Europeia neste quinquénio”.
Todavia, para o governante português, este segundo ponto não é de todo um aspeto a desprezar, sublinhando que, em função dos resultados das eleições europeias, a nova maioria no Parlamento Europeu “terá de ter pelo menos três famílias políticas”, entre conservadores, socialistas e liberais, que, de resto, como acrescentou, “estão em conversações”, tendo precisamente em vista conseguir uma desejada mudança.
Objetivo que, tudo indica, será alcançado através de conversações alargadas entre os “facilitadores” de cada uma destas três maioritárias famílias políticas representadas no Parlamento Europeu, conservadores, socialistas e liberais, tendo cabido ao primeiro-ministro português, António Costa, e ao presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, a responsabilidade de negociarem em nome dos socialistas europeus.