Portugal é hoje uma “esperança para a esquerda europeia”
Aguardada com alguma expectativa a intervenção do presidente do Partido Socialista Europeu, o búlgaro Sergei Stanishev, não desiludiu os muitos socialistas presentes neste Congresso, designadamente quando, logo no início, manifestou o seu orgulho com os resultados económicos e sociais obtidos pelo Governo português, considerando que o caminho seguido pelo Executivo liderado por António Costas “é uma esperança para a Europa e para a esquerda europeia”.
Segundo o líder do PSE, nas próximas eleições europeias, os diferentes partidos socialistas terão de assumir-se como uma alternativa às correntes políticas europeias “defensoras da austeridade”, advogando que, pelo contrário, têm de apostar sobretudo em políticas de solidariedade social e de “coesão entre os Estados-membros”.
Para o dirigente do PS e ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, “não se pode avançar no futuro de braço dado com a direita” e com os que “querem enfraquecer o Estado social”, tendo ainda garantido, sendo por isso foi muito aplaudido pelos congressistas, quando afirmou que não combate “nenhum socialista de nenhuma tendência ou opinião”, porque o seu combate é “contra a direita”.
Outro dos intervenientes foi o dirigente e deputado, Ascenso Simões, que, depois de defender que o PS tem de trabalhar cada vez mais para obter nas próximas legislativas uma “maioria mais ampla possível”, elogiou as “características únicas” de António Costa, como líder do partido e como primeiro-ministro, lembrando que transformou uma solução “governativa impossível” numa “solução governativa positiva como a que o país tem vivido”, nos últimos dois anos e meio.
Esquerdas vão trabalhar até ao fim
Muito aplaudida foi também a intervenção de Pedro Nuno Santos, dirigente e secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, que na sua intervenção, depois de garantir que o PS e os partidos à sua esquerda “vão trabalhar juntos “até ao fim da legislatura”, fez questão de lembrar que esta maioria “produziu grandes resultados”, pelo que não justifica que o PS troque de parceiros.
Para o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, o “PS deve pedir ao eleitorado a maioria absoluta nas próximas legislativas”, classificando como “instrumentais”, os partidos que apoiam o Governo, dizendo ser um “debate prematuro, apressado e precipitado”, a discussão sobre como deve ser a solução governativa após 2019.
Segundo o eurodeputado Carlos Zorrinho, António Costa é hoje uma referência política na Europa, sustentando que Portugal com o atual Governo foi capaz de “quebrar a asfixia democrática que ameaçava o projeto europeu”, mostrando-se satisfeito pelo facto indesmentível, como garantiu, de o pensamento único ter sido abalado e de existir agora, como considerou, “um pensamento progressista europeu”.
Virar à direta é um risco de morte
Para o histórico dirigente socialista, Manuel Alegre, o PS correria “um sério risco de morte”, caso se voltasse para a direita, sustentando que o partido deve “pedir a maioria absoluta” nas próximas eleições legislativas, não deixando, contudo, de manter, como aludiu, a convergência de esquerda, aproveitando para manifestar o seu apoio à liderança de António Costa, e à corrente jovem “mais à esquerda”, dos socialistas, liderada pelo secretário de Estado, Pedro Nuno Santos, contra “as tentações centristas”.
Para o presidente da Assembleia da República, e antigo líder socialista, Eduardo Ferro Rodrigues, mal vai a democracia quando se usam processos judiciais para criminalizar políticas, advertindo que só os “regimes totalitários culpam pessoas por lógicas abusivas de associação”.
Mais à frente, e depois de considerar que a política de prevenção e do combate à corrupção está no “ADN do PS”, e na “liderança de António Costa”, Ferro Rodrigues lembrou que os socialistas têm um património neste domínio, “traduzido em leis e em meios de investigação”.
Noutra vertente, o dirigente e segunda figura do Estado lembrou que o PS “prossegue fiel à sua matriz socialista e europeia”, sem nunca abandonar a política de recuperação de direitos e de rendimentos compatíveis com os “nossos compromissos no quadro da zona euro”.