Portugal e Grécia de acordo sobre convergência europeia e resposta à crise migratória
O primeiro-ministro português lembrou que na Grécia se cruzam três das principais crises que atravessam hoje a Europa: a austeridade, a crise do euro e os refugiados, problemáticas que “necessitam de uma maior proatividade por parte da Europa”, sendo que a austeridade foi um fator determinante para “deprimir as economias e dividir as sociedades” nos estados-membros da União Europeia onde foram aplicadas.
Prometendo a cooperação ativa do Governo português, o primeiro-ministro António Costa desafiou a União Europeia a dar os passos necessários para a efetivação de uma sustentada política migratória nas suas fronteiras externas.
Lembrando que a solidariedade é o valor fundamental no qual se fundou a Europa no pós-guerra, António Costa foi claro ao afirmar que a situação que hoje vive a Grécia, também em relação aos refugiados, não pode ser vista como um “problema unicamente grego” ou de cada país individualmente, mas como um “problema que deve ser assumido por toda a União Europeia”.
Cada refugiado que chega à Grécia, disse ainda o primeiro-ministro português, é também um refugiado que chega à Europa e, nessa medida, “nós entendemos que é também um refugiado que chega a Portugal”.
Desde a primeira hora que o Governo português tem vindo a manifestar “total disponibilidade” para colaborar, quer com a União Europeia, quer bilateralmente com a Grécia, para receber refugiados que “queiram encontrar uma nova oportunidade de vida em Portugal”, uma disponibilidade que não dispensa a União Europeia, como realçou, de encontrar o modelo mais adequado e justo de maneira a que “todos possamos responder às necessidades dos que procuram assegurar a sua proteção no espaço europeu”.
Uma obrigação que é de todos e não “um peso desproporcionado” sobre um país que, pela sua localização geográfica, “tenha que assumir todo o peso da solidariedade”.
Crise na zona euro
Para além de todos os problemas que enfrenta em relação aos refugiados, lembrou ainda António Costa, a Grécia depara-se ainda com as consequências das políticas de austeridade impostas pela União Europeia que contribuíram para “deprimir a sua economia e dividir a sociedade”.
“Felizmente que Portugal já concluiu o seu programa de ajustamento”, disse o primeiro-ministro português, algo que não impede, como salientou, que “ignoremos que a crise da zona euro não começou em 2010 nem acaba com o fim dos programas de ajustamento”.
Para o chefe do Executivo de Lisboa, há um problema estrutural na zona euro “que importa que seja resolvido o mais rápido possível”, e que passa, como salientou, por resolver a “assimetria existente entre as diferentes economias”, o que em muito tem contribuído para a falta de estabilidade que se sente na zona euro.
Não é “insistindo na aplicação de políticas austeritárias”, defendeu ainda o primeiro-ministro português, que os países podem alcançar o desejado desenvolvimento e progresso, mas aplicando políticas assentes no crescimento, na criação de emprego e no combate à pobreza. Só prosseguindo este caminho, defendeu, é que “poderemos melhorar a produtividade das nossas empresas e da economia” e com isso “recuperar uma trajetória de convergência com a União Europeia”.