Portugal e Grécia assinalam “convergência” nas prioridades europeias
Perante os jornalistas e antes da visita que ambos os líderes fizeram às instalações da Polícia Marítima, a força policial portuguesa que tem vindo a desempenhar, desde 2012, um conjunto alargado de missões, também com a participação do SEF e da GNR na fronteira grega, os dois líderes europeus referiram as boas relações entre Portugal e a Grécia, não só do ponto de vista político, como assinalaram, mas também na convergência que ambos partilham em relação às grandes matérias europeias, designadamente, como referiu o primeiro-ministro português, em questões de migração, recordando a este propósito António Costa que Portugal em colaboração com o Governo grego tem “relocalizado pessoas que chegam à Grécia a requerer proteção internacional”.
De acordo com o primeiro-ministro português, a defesa das fronteiras externas da União Europeia, na Grécia ou em qualquer outro país comunitário, é uma responsabilidade comum que deve ser assumida pelos 27 Estados-membros não podendo, em caso algum, como salientou, que esta encargo “recaia em exclusivo nos países que, por razões geográficas, estão mais próximos dos pontos de maior pressão migratória”, lembrando António Costa que Portugal se honra de ter recebido “centenas de migrantes” e da Polícia Marítima portuguesa ter salvo “mais de 7 mil vidas que podiam ter morrido afogadas ao tentar chegar à Europa”.
Reforçar as relações bilaterais
Os dois líderes europeus abordaram ainda, nesta conferência de imprensa, outras questões, como a necessidade de reforçar as relações económicas bilaterais, lembrando António Costa que o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, assinou precisamente “há muito pouco tempo” um acordo para que as agências de investimento externo dos 27 Estados-membros “possam trabalhar de forma mais próxima”, trocando experiências e informações, contribuindo assim, como salientou, para que “rapidamente todo o processo de recuperação económica na Europa esteja em andamento”.
António Costa aludiu depois aos jornalistas que, na reunião que momentos antes manteve com Kyriakos Mitsotakis, teve oportunidade de falar também sobre as três principais prioridades da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, que passam por “acelerar a recuperação económica, reforçar o pilar social e assegurar autonomia de uma Europa aberta ao mundo”, não deixando de lado, como também assinalou, a questão da vacinação, “ponto chave para recuperar a Europa”, mas também outros “temas difíceis” como fazer avançar o Pacto sobre Migrações, já apresentado pela Comissão Europeia, tema sobre o qual, como recordou, há entre os 27, “posições muito contrastantes”.
O chefe do Governo grego, por seu lado, reconheceu que o semestre da presidência portuguesa “está repleto de desafios”, que passam, como descreveu, por “continuar o progresso na luta contra a pandemia”, através da campanha de vacinação, fazendo funcionar também aqui o fundo de recuperação, até à necessidade de se avançar em questões como a dos “fluxos migratórios”. Lembrando que os dois países “são aliados naturais”, ambos países do Sul e que passaram “recentemente por uma crise económica muito difícil e com experiências semelhantes”, o líder do Executivo helénico garantiu que a Grécia partilha a “abordagem da presidência portuguesa da UE”, também em relação à “transição digital e climática e à Europa social”, onde se falará também “de um rendimento mínimo europeu”.