Portugal e Espanha formam consórcio para computação avançada

A iniciativa resulta do compromisso assumido na Cimeira Luso-Espanhola, realizada em novembro passado, com vista à instalação de uma máquina de computação avançada em cada um dos países. Isto, na sequência da decisão anteriormente tomada pelos ministros da Ciência da União Europeia de promoverem o desenvolvimento de supercomputadores através da criação de uma empresa comum europeia para a computação de alto desempenho.

Neste âmbito, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, esteve ontem, dia 11, em Barcelona, onde se reuniu com o Ministro da Ciência, Inovação e Universidades de Espanha, Pedro Duque, para avaliar o avanço dos acordos resultantes da Cimeira Luso-Espanhola.

De acordo com Manuel Heitor, a candidatura ibérica irá conferir a Portugal “uma capacidade de computação inédita” no domínio do processamento de dados, em virtude das “novas aplicações na área da inteligência artificial, como condução autónoma, cibersegurança e mobilidade nas cidades”, disse o ministro.

A candidatura, que irá concorrer com a candidatura de países da Europa do Norte e de Leste, está a ser desenvolvida pelos dois países no quadro da Rede Ibérica de Computação Avançada, envolve o Barcelona Supercomputing Center – Centro Nacional de Supercomputação (BSC-CSN) e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

A vitória da candidatura significaria a instalação de dois supercomputadores da empresa comum europeia para a computação de alto desempenho (EuroHPC), em Barcelona e, outro, em Braga, na Universidade do Minho.

A EuroHPC pretende desenvolver e instalar em toda a Europa uma infraestrutura de computação de alto desempenho e de padrão mundial, através de financiamento do orçamento da União Europeia e contribuições individuais dos Estados-Membros participantes, bem como, de países associados e entidades privadas.

A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) estabeleceu um acordo de cooperação, em 2018, com o Centro de Supercomputação de Barcelona para a instalação na Universidade do Minho do primeiro supercomputador a funcionar em Portugal, sendo que, parte da infraestrutura computacional foi cedida à FCT pela Universidade do Texas em Austin, com o objetivo processar dados produzidos pelo Centro de Investigação Internacional sobre o Atlântico nos Açores (AIR Centre), a rede científica que envolve vários países em áreas como o clima, o espaço e os oceanos.

Nesta deslocação a Barcelona, Manuel Heitor assinou um protocolo que possibilitará que empresas e físicos portugueses possam, respetivamente, fornecer novos equipamentos e utilizar o laboratório de luz sincrotrão ALBA, um complexo espanhol de aceleradores de partículas que permite visualizar a estrutura atómica e molecular dos materiais e estudar as suas propriedades, e que é o mais importante da região do Mediterrâneo.

O ministro reforçou a intenção de Portugal e Espanha reforçarem a cooperação transfronteiriça, nomeadamente entre as regiões de Trás-os-Montes e Castela e Leão, nas setores da agricultura e transformação digital, e do Alentejo e Andaluzia, nos domínios da energia sustentável e gestão da água.

Os resultados desta cooperação deverão ser formalizados na próxima Cimeira Luso-Espanhola, a realizar em junho, na Guarda.