Portugal deve manter-se na linha da frente da construção europeia
Augusto Santos Silva falava como orador convidado no encerramento do ciclo de conferências “Europa – presente e futuro”, promovido pela Comissão Europeia, com uma intervenção subordinada ao tema “O que significa participar ativamente no debate europeu?”, que decorreu na Sociedade de Geografia de Lisboa.
Na ocasião, o governante assinalou também o valor que o nosso país acrescenta ao projeto europeu, “na medida em que é uma boa ponte de ligação com a África e a América Latina”.
Para o chefe da diplomacia portuguesa, está ultrapassado o tempo em que Portugal mostrou ser um “bom aluno”, quando se associou ao “núcleo duro” em termos de políticas europeias, incluindo nos processos de adesão de novos Estados-membros.
“Esse tempo, que foi muito importante, já passou. Agora, somos todos alunos uns dos outros”, vincou, dando pistas relacionadas com o significado de uma participação ativa na UE, que “é necessária e produz frutos”.
Neste âmbito, apontou a união económica e monetária, a política de acolhimento de refugiados e das migrações, e a cooperação estruturada permanente na segurança e defesa como os três principais exemplos que sustentam esse objetivo.
Referindo-se aos recentes desenvolvimentos na UE, em particular o processo do ‘Brexit’, o Santos Silva sublinhou a necessidade de reforçar a participação ativa de Portugal.
“A saída do Reino Unido da UE significa uma perda para a Europa, uma perda da dimensão atlântica da Europa, e Portugal, juntamente com outros países atlânticos e de tradição atlântica, tem uma responsabilidade adicional para colmatar essa perda”, sustentou.
Preparar-nos para os próximos choques assimétricos
A necessidade de Portugal se manter na “linha da frente” da construção europeia, voltou a ser enfatizada quando alertou para “outra questão decisiva na UE” relacionada com o cumprimento do Estado de direito.
“Há países da UE que com fundamento podemos pôr em dívida se os tribunais são isentos ou se existe liberdade de imprensa…”, lamentou.
Já no que diz respeito à política económica e monetária, e após uma referência à eleição do ministro das Finanças, Mário Centeno, para a liderança do Eurogrupo, o chefe da diplomacia portuguesa referiu a necessidade da preparação para os próximos choques assimétricos”.
“Temos que nos preparar para os próximos choques assimétricos”, disse, reafirmando a necessidade de Portugal participar ativamente nestas áreas.