Portugal conseguiu ter desempenho precoce na adoção de medidas para combater pandemia
“Quase não há dia em que não sejam aditadas novas medidas ou corrigidas algumas daquelas que estão em curso”, recordou o presidente do PS no programa semanal da rádio TSF ‘Almoços Grátis’, frisando que “estão em campo centenas de medidas” do Executivo em todos os setores, sendo que muitas delas abrangem “contributos dos partidos da oposição”.
Citando um estudo publicado sobre a atuação de 12 países europeus durante a pandemia, o dirigente socialista sublinhou que “Portugal até teve um desempenho muito precoce do ponto de vista da adoção de medidas”, tendo sido, entre essa dúzia de países, como a Áustria, a Bélgica, República Checa e França, “o que mais cedo tomou medidas face à data em que tiveram o primeiro óbito”.
Carlos César explicou depois que esta “diversidade enorme” de propostas vai “implicar que o investimento e aquilo que temos a pagar será algo de muito diferente daquilo que tínhamos previsto numa situação de normalidade”. Ou seja, “se não tivéssemos que fazer esse investimento e que pagar muita despesa, evidentemente que teríamos um ano orçamental de grande normalidade e de grande descida, por exemplo, de alguns indicadores como o desemprego”.
União Europeia tardou a agir
Relativamente à União Europeia, Carlos César defendeu que existe um “problema muito significativo”: “É que a União Europeia parece só agora tomar um pouco de consciência da necessidade de se constituir como tal”.
“As instituições europeias tardaram muito a agir”, lamentou. O presidente do Partido Socialista mencionou depois a reunião do Eurogrupo que decorreu ontem e se estendeu durante a madrugada, tendo terminado sem qualquer acordo. O adiamento desta reunião para se conseguir chegar a uma decisão “é melhor do que a rutura, mas mostra como essa rutura está a ensombrar a capacidade e a continuidade da União Europeia tal como a idealizamos”, disse.
Carlos César considerou “indispensável que desta reunião do Eurogrupo e da que se seguirá dos chefes de Governo da União Europeia saiam soluções que salvaguardem a posição dos países, designadamente daqueles que têm uma dívida mais alta e com a sua possibilidade de acesso a fundos que hoje sejam a juros baixíssimos ou possam, de outra forma, chegar a esses Estados sem grandes condicionalidades e servindo os interesses imediatos e estratégicos desses países”.
E frisou que “a recuperação que esses países têm que fazer para aliviar a sua dívida” não pode ser “subordinada a um conjunto de condicionalidades que se assemelhem a novos programas de austeridade, que matarão as esperanças não só das pessoas, como da recuperação económica desses países”.
Sobre o papel “fundamental” da banca no atual contexto, Carlos César salientou que “é importante insistir numa convocação para uma atuação solidária sem ser suicidária da banca no socorro das empresas e das famílias na situação atual e nos planos de recuperação de cariz mais estratégico da nossa economia e do funcionamento social”. E deixou um alerta: “Pior será se somarmos à crise sanitária e à crise económica uma crise do setor financeiro”.
Oiça aqui, na íntegra, o programa de hoje.