Portugal alinhado com agenda política do secretário-geral das Nações Unidas
Falando ontem aos jornalistas em Nova Iorque, o primeiro-ministro português levantou um pouco do véu em relação a algumas linhas políticas da intervenção que hoje profere, ao princípio da tarde, garantindo que Portugal está “muito alinhado” com a agenda política apresentada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, designadamente em relação a questões tão importantes como os “desafios das alterações climáticas, a valorização do multilateralismo, a problemática dos oceanos ou as migrações”, mas também em relação às “desigualdades ou à promoção da paz”.
Na oportunidade, António Costa destacou, entre outros temas, a importância do multilateralismo, sustentando que os “grandes desafios” que hoje se colocam à humanidade “não podem ser resolvidos de uma forma unilateral”, acompanhando, também neste ponto, a perspetiva defendida pelo secretário-geral das Nações Unidas.
Pelo contrário, sustentou o primeiro-ministro português, o que hoje se exige é que haja cada vez mais cooperação, quer nos espaços regionais, como referiu, como é o caso de Portugal na União Europeia, quer “entre as diferentes regiões do mundo”.
Diálogo com a Venezuela
O primeiro-ministro teve ainda ocasião para se referir ao conflito político e social que atravessa a Venezuela, demarcando-se das opiniões que defendem uma maior confrontação com o regime de Nicolás Maduro, sustentando que Portugal “está sobretudo empenhado numa posição diplomática construtiva”.
Segundo António Costa, Portugal sempre assumiu em relação à Venezuela uma posição construtiva, sempre no pressuposto de encontrar soluções que “consolidem a democracia, devolvam tranquilidade” e, sobretudo, “forneçam perspetivas para a nossa comunidade em termos de futuro”.
Para o primeiro-ministro, a Venezuela “é um país amigo”, a quem “desejamos o melhor e com quem estamos disponíveis para trabalhar”, acrescentando que, “mais do que radicalizar posições” ou “adotar estilos confrontacionais”, a solução deve antes passar pelo diálogo político e diplomático, não abdicando, contudo, como salientou, “em caso algum”, da defesa dos Direitos Humanos e do primado das regras democráticas, porque este será o caminho onde se “encontrará a chave para uma solução futura para a Venezuela”.
Livre circulação na CPLP
À margem do contexto que levou o primeiro-ministro português a Nova Iorque, para uma intervenção na Assembleia Geral das Nações Unidas, António Costa reuniu-se, sob a presidência do Presidente da República do Brasil, com os chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), reunião que decorreu na sede da missão permanente do Brasil nas Nações Unidas.
À saída deste encontro, o primeiro-ministro, António Costa defendeu que “seria excelente” se até 2018 estivesse já instituída a liberdade de circulação para os cidadãos da CPLP, sustentando que à vontade política já manifestada por todos os países, há agora também que “ultrapassar os problemas técnicos”, designadamente, como acentuou, em relação à “compatibilização entre as diferentes legislações”.
Na opinião do chefe do Governo de Lisboa, a CPLP “não pode ser só um processo de coordenação política e económica”, tendo também que “enraizar-se no dia-a-dia dos cidadãos”, nomeadamente criando condições para que haja “liberdade de residência, reconhecimento de títulos académicos ou a portabilidade dos direitos sociais”.