Portugal acredita em avanços nas negociações
O chefe da diplomacia portuguesa acredita que os interesses comuns da União Europeia (UE) e do Reino Unido “podem ser compatibilizados num acordo” sobre o ‘Brexit’. Para isso, segundo o ministro, é necessário que as negociações saiam do “labirinto técnico” em que se encontram neste momento.
“Entendemos que os interesses de uns e de outros podem ser compatibilizados num acordo, assim haja vontade. Da nossa parte, há essa vontade e esperemos que tão brevemente quanto possível possamos sair deste labirinto técnico em que hoje estamos para ter uma noção clara de qual é a base política do acordo possível, em que medida é que ela permite que a integridade do mercado único, do lado europeu, seja salvaguardada, e não põe em causa o Acordo de Sexta-feira Santa”, disse Augusto Santos Silva.
O governante considera que os próximos dias são “decisivos” e salientou o “avanço político muito importante” que resultou da reunião entre o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o chefe do governo irlandês, Leo Varadkar, realizada na passada semana.
Apesar de confiante, Santos Silva referiu que o processo é complexo e ainda está “longe de uma solução”, mas existe “plena confiança na nossa equipa negocial”, liderada por Michel Barnier, o que reforça as expectativas de um acordo.
“Houve avanços, mas estamos ainda longe de uma solução. As questões hoje colocam-se num plano técnico muito complexo e muito sofisticado. Nós temos plena confiança na nossa equipa negocial para que esse trabalho técnico possa ter também uma tradução política que os nossos governantes e as opiniões publicas, e as empresas, os agentes económicos e as pessoas possam compreender”, afirmou.
Santos Silva adiantou que estão “a trabalhar todos muito intensamente” para que os chefes de governo, que vão participar no Conselho Europeu a decorrer nos dias 17 e 18 de outubro, em Bruxelas, “possam ter toda a informação”, de modo a chegar à data limite com um desfecho satisfatório.
“Estamos, neste momento, a trabalhar todos muito intensamente para que os nossos líderes, que reúnem na quinta-feira, possam ter toda a informação para poderem dar-nos a orientação que entenderem em relação aos últimos dias da negociação e para que possamos chegar ao dia 31 de outubro com boas notícias”, disse o ministro.
Portugal mantém vontade de acordo
O responsável pela diplomacia portuguesa reiterou a vontade de um acordo sobre o ‘Brexit’ e a disponibilidade de Portugal assumir “todos os compromissos necessários” nesse sentido, sem pisar “as linhas vermelhas da UE”.
Portugal está “sempre disponível para todos os prazos que sejam necessários para que as negociações possam chegar a bom termo”, disse Santos Silva, lembrando que esta posição se mantém inalterada deste o início do processo do ‘Brexit’, em junho de 2016.
“Desde sempre dizemos que estamos dispostos a assumir todos os compromissos necessários para haver um acordo, respeitando naturalmente as linhas vermelhas da UE”, sublinhou.
Recorde-se que a saída do Reino Unido estava inicialmente agendada para 29 de março, mas foi adiada para 31 de outubro.