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Porque não uma segunda revolução?

Porque não uma segunda revolução?

Apesar de a taxa de natalidade mundial já ter começado a baixar, ainda adicionamos anualmente mais de 80 milhões de humanos. E a maior parte deste crescimento populacional dá-se naqueles países em vias de desenvolvimento e/ou nas economias emergentes que já representam mais de 80% da população atual. Com a percentagem da população urbana, hoje já superior a 54% e que continua a aumentar, a luta contra a fome e a malnutrição será um dos grandes desafios da nossa e das gerações futuras. Será possível alimentar 9 mil milhões de humanos daqui a 30 anos?!

Opinião de:

Aprofundar laços históricos e novas parcerias na economia e ciência

Olhando para trás, a primeira Revolução Verde conseguida no século passado, baseada na aplicação de uma série de conhecimentos tradicionais e de desenvolvimentos científicos e tecnológicos, foi um sucesso incontestável. Permitiu que, a nível mundial, a produção de alimentos crescesse mais rapidamente que a população, o que poderia ter eliminado a fome no nosso planeta se razões económico-políticas não tivessem interferido com este processo. Fertilizantes, inseticidas, a irrigação e a mecanização de vastíssimas áreas de cultivo e o melhoramento contínuo de muitas espécies permitiram esta extraordinária história de sucesso. Mas os ecossistemas planetários sofreram grandes alterações. O consumo de água e energia aumentaram dramaticamente e muitas espécies deixaram de ser cultivadas (passaram a órfãs).

No início do presente milénio, confrontamo-nos com novos desafios. A fome e a malnutrição afetam uma em cada oito pessoas e o número dos que morrem à fome continua a ser superior ao conjunto de todos os que morrem de malária, tuberculose e HIV. Se as mais de mil milhões de toneladas de comida não fossem desperdiçadas anualmente, teríamos mais de uma tonelada de comida para alimentar estas pessoas. Mas muitos outros fatores influenciam negativamente a produção de comida: a desertificação e as inundações resultantes das alterações climáticas, a resistência a inseticidas e herbicidas, o envenenamento dos solos pela utilização de fertilizantes a mais e a pobreza crescente de muitas populações rurais, são só alguns desses fatores.

Felizmente existem iniciativas inovadoras por esse mundo fora e em Portugal que, utilizando a sabedoria local acumulada durante séculos, os novos avanços científicos e tecnológicos, uma utilização mais cuidadosa e racional da alimentação e a reintrodução de espécies abandonadas (órfãs), dão-nos a confiança de que uma secunda Revolução Verde possa ser possível. 

Venha debater alguns destes temas no próximo dia próximo dia 14 de dezembro, pelas 18h00, no Café de Ciência, que terá lugar no Salão Nobre da Assembleia da República.