Por um novo ciclo progressista
Nos anos noventa, a União Europeia viveu um ciclo político em que a larga maioria dos governos nacionais eleitos eram social-democratas ou socialistas. Foi um ciclo com muitos avanços positivos, mas que foi perdendo vigor e propósito com o chumbo da constituição europeia e com a emergência de um pragmatismo económico que culminou com a defeituosa e incompleta arquitetura económica e monetária subjacente à Zona Euro, abrindo caminho a um ciclo neoliberal que se consolidou com a entrada em vigor da Moeda Única e dos tratados associados.
Hoje começam a surgir cada vez mais sinais de esgotamento do ciclo neoliberal na UE. A questão chave é determinar se em seu lugar surgirá um ciclo progressista fiel aos valores europeus, ou um ciclo radical de direita ou de esquerda que os ponha em causa.
A demonstração feita em Portugal, pelo governo do Partido Socialista, de que é possível compatibilizar uma agenda progressista com as regras económicas e financeiras da UE, deu um novo fôlego a quem acredita que é possível fazer emergir um novo ciclo progressista.
Os motores fundamentais desse novo ciclo progressista têm que retomar as causas do insucesso relativo do anterior e resolvê-las. Em primeiro lugar têm que completar a União Económica e Monetária dando-lhe a dimensão mutualista e convergente que lhe falta e em segundo lugar têm que concretizar uma política de segurança e defesa comum forte, consistente, capaz de proteger os cidadãos sem por em causa as liberdades e a diversidade que são parte intrínseca da matriz humanista e democrática do projeto europeu.
Com estes motores afinados será possível fazer acontecer um novo ciclo progressista na UE centrado nas pessoas, no emprego, na saúde, na educação, na proteção social, na segurança, na qualidade de vida e na salvaguarda do planeta. É para isso que fazemos política todos os dias.